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Unicef estima que 1 milhão de crianças tenham sido afetadas pelo ciclone Idai

23/03/2019 11h46

Maputo, 23 mar (EFE).- O ciclone Idai deixou 1 milhão de crianças desabrigadas, afirmou neste sábado a diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Henrietta Fore, após uma visita a região central de Moçambique, a mais devastada pela catástrofe.

"O mundo não pode pensar que é uma crise pontual. Existe uma crise de curto prazo, mas, também uma de longo prazo", disse a americana.

Fore solicitou US$ 30 milhões (R$ 116,4 milhões) iniciais e ainda apontou que o número de afetados pela passagem do Idai deverá subir nos próximos dias.

A diretora-executiva da Unicef visitou nos últimos dias a cidade de Beira, uma das principais de Moçambique, que ficou quase totalmente destruída, assim como o distrito de Búzi, ambas localizadas na província de Sofala.

"É uma corrida contra o tempo que todo mundo precisa conhecer. Temos um milhão de crianças atingidas. E os números vão aumentar muito mais. É uma catástrofe iminente", disse Fore.

Em Moçambique, os trabalhos para localizar sobreviventes seguem, enquanto se busca oferecer auxílio aos quase dois milhões de desabrigados por causa da passagem do Idai, que tocou a terra em 14 de março e avançou no dia seguinte para o Zimbábue.

O número de mortos pela passagem do ciclone Moçambique subiu de 294 para 417, de acordo com as informações divulgadas mais cedo pelo Instituto Nacional de Gestão de Emergências, o que eleva o total de vítimas nos três países atingidos para mais de 600.

A diretora-executiva da Unicef destacou os problemas de saneamento gerados pela catástrofe, a proliferação de doenças, como a malária. Além disso, ela voltou a lembrar da necessidade de comida, água potável e de abrigo na região.

A americana ainda lamentou a situação de Búzi, apontada como a mais crítica, com cidades estando com oito metros de água.

"Não conseguimos ver a cidade, nem ninguém", relatou.

A representante das Nações Unidas revelou que a Unicef está trabalhando para conseguir reunir crianças que acabaram sendo separadas dos pais devido a catástrofe.

As províncias de Manica e Sofala, no centro de Moçambique, onde vivem quase 4,5 milhões de pessoas, foram as mais castigadas pelo ciclone Idai, classificado como de categoria 4.

Hoje, o governo de Moçambique elevou o número de atingidos pela catástrofe de 344.881 para 482.974. No total, 39.603 casas foram total ou parcialmente destruídas e 3.140 salas de aula estão inacessíveis, o que impedem quase 100 mil estudantes de irem à escola.

Além disso, pelo menos 200 pessoas estão desaparecidas, a maioria em Moçambique e no Zimbábue, de acordo com dados divulgados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Antes de se formar no canal que separa Moçambique do Madagascar, o Idai era uma tempestade tropical, que causou grandes inundações no primeiro país e também em Malawi, que deixaram 56 mortos. EFE