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Família da Alemanha anuncia doação milionária por laços com o nazismo

25/03/2019 14h23

Berlim, 25 mar (EFE).- Uma das famílias mais ricas da Alemanha vai doar US$ 11 milhões para fins beneficentes após descobrir a intensidade dos laços de seus antecessores com o regime nazista, que usaram réus como mão de obra forçada, informaram nesta segunda-feira veículos de imprensa alemães.

A família Reimann, à qual as revistas "Manager Magazin" e "Bilanz" situam entre as mais ricas da Alemanha, tachou de "repugnantes" os crimes revelados após uma investigação do jornal "Bild".

Segundo esta publicação, Albert Reimann e seu filho de mesmo nome empregaram civis russos e prisioneiros de guerra franceses em suas empresas em Ludwigshafen (sudoeste) durante a era nazista (1933-1945).

Além disso, foi demonstrado que ambos eram antissemitas, que apoiaram Adolf Hitler e que o mais velho deles ajudou financeiramente as SS a partir de 1931.

Os antecessores da família Reimann e líderes do conglomerado familiar de empresas eram "culpados", afirmou ao "Bild" Peter Harf, porta-voz da holding empresarial JAB, que administra os ativos da família.

"Ambos os empresários morreram, mas deveriam ter sido presos", acrescentou.

A família foi responsável por solicitar há três anos uma investigação profunda sobre os laços de seus antecessores com o nazismo e ficaram "sem palavras" ao comprovar os resultados do estudo, "envergonhados e brancos", afirmou o porta-voz.

"Estes crimes são repugnantes", afirmou Harf, que acrescentou que a família quer tornar público o relatório uma vez que seja concluído.

Por enquanto não foi divulgado para onde serão doados os US$ 11 milhões.

A família solicitou esta investigação após examinar documentos de seu arquivo privado que punham em dúvida as conclusões de um relatório de 1978 no qual apontava que as relações com o regime nacional-socialista eram mínimas.

Os Reimann controlam conhecidas empresas de alimentação e restauração (Panera Bread, Krispy Kreme Doughnuts, Jacobs Douwe, Bruegger's e Pret A Manger), mas tem partes em outros setores como o dos cosméticos (Coty, Wella).

A revista alemã "Manager Magazin" estimou uma riqueza de 33 bilhões de euros no ano passado (e a situava como a família mais rica do país), enquanto a "Bilanz", em agosto, falava de uma fortuna de 20 bilhões de euros. EFE