Casa Branca de Trump busca vingança contra impulsores do "caso Rússia"
Lucía Leal.
Washington, 26 mar (EFE).- O presidente americano, Donald Trump, pediu garantias nesta terça-feira para que os Estados Unidos não voltem a passar por uma investigação como a do chamado "caso Rússia", enquanto a Casa Branca e seus aliados já parecem buscar vingança contra aqueles que promoveram essa averiguação.
A recém-concluída investigação do promotor especial Robert Mueller obscureceu os dois primeiros anos de governo Trump, e agora o presidente está decidido a tirar proveito político da conclusão divulgada pelo Departamento de Justiça, segundo a qual não houve coordenação entre a Rússia e sua campanha eleitoral em 2016.
"O relatório não poderia ter sido melhor. Disse que não houve obstrução e não houve conluio. Não poderia ter sido melhor", comemorou o presidente americano em declarações aos jornalistas no Senado.
Um dia depois de pedir medidas contra aqueles que "traíram o país" ao promover a investigação de Mueller, Trump opinou que essa suposta conspiração veio das esferas "mais altas" do governo americano.
"Acho que o que ocorreu é uma vergonha. Não acho que nosso país deva permitir que isso volte a ocorrer de novo. Isso não voltará a ocorrer nunca mais. Começou em um nível baixo, mas com instruções de cima", ressaltou.
A Casa Branca, a campanha de reeleição de Trump e seus aliados no Congresso já começaram a apontar contra esses supostos "culpados" do que consideram uma investigação politicamente motivada; um grupo ainda difuso que abrange desde os meios de comunicação até, potencialmente, o ex-presidente Barack Obama (2009-2017).
"Acho que você sabe a resposta", respondeu Trump a um jornalista que lhe perguntou se considerava que Obama, que estava no poder quando o FBI abriu em 2016 sua primeira investigação sobre a ingerência russa, esteve implicado nessa suposta campanha partidária.
"A grande mídia está sendo atacada e ridicularizada no mundo todo por ser corrupta e FALSA. Durante dois anos, estimularam o delírio do conluio com a Rússia quando sabiam que ele não aconteceu. Eles são verdadeiramente o inimigo do povo", exclamou Trump posteriormente em sua conta no Twitter.
Por sua vez, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, divulgou na noite de ontem um gráfico elaborado pelo jornal conservador "The New York Post" que identifica jornalistas, comentaristas e humoristas que "se equivocaram vergonhosamente" em relação a Mueller, entre eles os atores Alec Baldwin e Robert De Niro.
Já Rudolph Giuliani, o advogado de Trump encarregado do "caso Rússia", esperou poucas horas depois da divulgação do sumário do relatório para se pronunciar e pedir cabeças.
"Quem inventou (esta investigação)? Teve que vir de algum lado. Não saiu do nada. Quero saber quem fez isso, quem pagou por isso, quem a alimentou", bradou Giuliani ontem à emissora de televisão "Fox News".
Um aliado-chave de Trump no Senado, o republicano Lindsey Graham, anunciou esta segunda-feira que aproveitará seu poder como presidente do Comitê Judicial para investigar os "abusos" no FBI no começo da investigação de Mueller, e pediu que o governo nomeie um promotor especial para averiguar essa questão.
Além disso, a conselheira de Trump, Kellyanne Conway, e o líder da minoria republicana na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, exigiram que o congressista democrata Adam Schiff, um dos mais veementes críticos dos contatos da campanha republicana em 2016 com a Rússia, renuncie como presidente do Comitê de Inteligência.
O nome de Schiff também apareceu em mensagem enviada pela campanha de reeleição de Trump às principais emissoras de televisão, na qual citava vários comentaristas supostamente desprestigiados por sua insistência em que o presidente conspirou com a Rússia, e lhes pedia para não entrevistá-los de novo.
O que parece claro é que Trump e seus aliados viram na suposta "exoneração" do presidente uma poderosa arma política que não só afasta a perspectiva de um processo de impeachment, mas pode potencializar suas chances de reeleição em 2020.
"(Trump) vai se animar. Usará (o relatório) para espancá-los (os democratas)", previu nesta segunda-feira Steve Bannon, ex-estrategista-chefe do presidente americano em entrevista ao portal "Yahoo News". EFE
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