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Ultradireitista austríaco é investigado por possíveis vínculos com Tarrant

26/03/2019 10h18

Viena, 26 mar (EFE).- As autoridades da Áustria revistaram o domicílio em Viena de um conhecido ultradireitista por um possível vínculo com o autor confesso do atentado de Christchurch (Nova Zelândia), Brenton Tarrant, que matou a tiros 50 pessoas em duas mesquitas no último dia 15.

O porta-voz do Ministério do Interior, Christoph Pölzl, explicou nesta terça-feira à Agência Efe que a revista foi feita por agentes do corpo antiterrorista BVT, após uma ordem emitida pela Promotoria da cidade de Graz, que investiga o caso.

A notícia foi revelada pouca horas antes de o próprio investigado, Martin Sellner, líder do supremacista Movimento Identitário, comunicar sobre a revista à sua residência de Viena em um vídeo no YouTube.

Sellner contou que os agentes apreenderam seu telefone celular e outros dispositivos eletrônicos.

A suspeita se baseia em uma doação de cerca de 1,5 mil euros que Sellner teria recebido de uma pessoa que as autoridades acreditam ser Brenton Tarrant, o supremacista branco australiano de 28 anos detido pela polícia como suposto autor do massacre.

No vídeo, Sellner nega qualquer relação com o atentado e ressalta o fato de que está sendo investigado por suspeita de "participação em uma organização terrorista", uma acusação que a Promotoria confirma como "provisória" e que pode ser modificada assim que a investigação avançar.

"Não tive nada a ver com o ataque", afirmou Sellner, que apesar disso reconheceu ter recebido a citada doação, que já tinha chamado a atenção das autoridades por ser superior às frequentes, que não costumam superar os três dígitos.

Na semana passada, as autoridades austríacas confirmaram que Tarrant tinha visitado a Áustria, possivelmente no final de novembro, em uma viagem pela Europa, mas não foram revelados detalhes da visita.

Sellner é uma figura conhecida na extrema-direita austríaca e entre suas controversas ações, liderou o fretamento no Mediterrâneo em 2017 de um navio para tentar impedir que embarcações de ONGs resgatassem imigrantes e refugiados à deriva.

O navio dos ultras foi retido no Chipre no verão de 2017 e o capitão detido - posteriormente posto em liberdade - pela acusação de ter refugiados ilegais do Sri Lanka a bordo - a tripulação era dessa nacionalidade - e documentos falsos. EFE