Surto de sarampo em condado judaico de Nova York acentua tensão antissemita
Nova York, 29 mar (EFE).- O surto de sarampo que aflige o condado de Rockland, nos arredores da cidade de Nova York, e que já afeta cerca de 160 pessoas, provocou uma piora das tensões entre a comunidade judaica ultraortodoxa que se concentra nessa região e o resto da população.
A grande maioria dos contagiados são menores e o surto afetou especialmente judeus ultraortodoxos, cujos coletivos costumam ter taxas de vacinação inferiores, uma circunstância que desembocou em repetidas situações nas quais se evita todo contato com seus membros, segundo apontou hoje o jornal "The New York Times".
O jornal afirma que os residentes não judeus da região comentaram que começaram a limpar os assentos do transporte público antes de utilizá-los ou trocar de calçada quando cruzam pela rua com um judeu ultraortodoxo, facilmente identificáveis por suas roupas.
"Eles fizeram isto a si mesmos", disse ao jornal Erica Wingate, funcionária de uma das lojas da área, que relatou ter visto alguns dos seus clientes fugirem quando viram um membro desta comunidade tossindo a seu lado.
O surto de sarampo, uma doença extremamente contagiosa, levou as autoridades locais a declarar estado de emergência no condado na terça-feira passada, e a proibir que os menores de 18 anos que não estejam vacinados contra o sarampo possam circular em espaços públicos.
A medida, segundo os líderes da comunidade judaica da região, põe em risco as relações entre a comunidade judaica e o resto da população, que já eram tensas antes da crise do sarampo.
"Acredito que abriu a porta para que todos possam dizer o que queiram. E parece que acham que a culpa (do surto) é totalmente da comunidade ortodoxa", lamentou o presidente do Conselho de Relações da Federação Judaica de Rockland, Steve Gold, que relatou vários episódios recentes de ações antissemitas, como a aparição de pichações de suásticas.
No condado de Rockland, formado por um conjunto de cinco cidades ao noroeste de Nova York, residem cerca de 300.000 pessoas, 31% delas da comunidade judaica, segundo os números oficiais, o que inclui uma das maiores concentrações de ortodoxos dos EUA.
"Esta é uma crise de saúde pública e é o momento de dar o sinal de alerta", afirmou em entrevista coletiva na terça-feira o chefe do Executivo do condado, Ed Day, que ressaltou que a declaração de emergência vigoraria, por enquanto, durante 30 dias.
Segundo declarou então Day, essa é a primeira vez que a medida é tomada nos Estados Unidos e as autoridades esperam que sirva para que os pais de crianças não vacinadas entendam a necessidade de fazê-lo.
O responsável do condado disse ainda que as autoridades não vão perseguir pessoas pelas ruas, mas esperam que os cidadãos cumpram a ordem.
Se não cumpri-la, os cidadãos serão enquadrados na categoria de falta leve, com pequenas penas de prisão e multas.
Perguntado pelos jornalistas, Day assegurou então que os líderes das comunidades ultraortodoxas estão cooperando e disse que os rabinos fizeram pedidos públicos para insistir que não há exceções religiosas às vacinações.
Os Estados Unidos declararam no ano 2000 que o sarampo tinha sido eliminado no país, mas desde então houve diferentes surtos.
Neste ano, foram confirmados nos EUA 314 casos em 15 estados, segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
Em 2018 houve, no total, 17 surtos, os maiores em Nova York e Nova Jersey, principalmente entre membros de comunidades judaicas ultraortodoxas que não tinham sido vacinados. EFE
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