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Após ser eleita na Eslováquia, Caputova promete que não cairá no populismo

30/03/2019 21h26

Praga, 30 mar (EFE).- Zuzana Caputova, a primeira mulher que presidirá a Eslováquia após ser eleita este sábado nas urnas, prometeu que demonstrará que "se pode travar uma luta política com ideias próprias, sem cair no populismo".

"É possível falar a verdade e ganhar a confiança de outros sem um vocabulário agressivo e golpes baixos", acrescentou a futura chefe do Estado diante de seus apoiadores, familiares e amigos, em um ato realizado no Mercado Velho de Bratislava e transmitido ao vivo.

As coordenadas da nova governante eslovaca serão uma forte orientação pró-europeia, com ênfase na ecologia e no fortalecimento do Estado de Direito e da Justiça, segundo lembrou, por sua parte, Ivan Stefunko, presidente do partido liberal de esquerda Progresivne Slovensko, no qual ainda milita Caputova.

Com 95% das urnas apuradas até o momento, Caputova venceu com 58,2% dos votos, frente a 41,8% do experiente diplomata Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão Europeia que concorreu como independente, mas apoiado pelo governamental partido social-democrata Smer.

Após saudar os presentes "nas quatro línguas majoritárias que são faladas no país (eslovaco, húngaro, romani - idioma de povos ciganos - e tcheco)", Caputova celebrou sua vitória e o fato de que "tenha conseguido" apesar das dúvidas de muitos.

"A decência na política não é uma mostra de fraqueza, mas pode ser a nossa força. Demonstramos que a barreira entre o conservadorismo e o liberalismo pode ser superada. Busquemos o que nos une", acrescentou.

Desconhecida até pouco tempo atrás, Caputova, divorciada e mãe de dois filhos, conquistou os eleitores com uma mensagem a favor de uma justiça imparcial e contra a corrupção, em uma sociedade indignada após o assassinato do jornalista investigativo Khan Kuciak.

Caputova, de 45 anos, será a sucessora do empresário e filantropo Andrej Kiska, que finaliza em junho seu mandato à frente do Estado, onde manteve tensas relações com o Executivo de coalizão de maioria social-democrata.

Entre outras coisas, Kiska foi um crítico da maneira como o governo administrou a crise institucional gerada pelo assassinato de Kuciak, que fazia investigações sobre os vínculos do crime organizado com as altas esferas do poder.

O homicídio de Kuciak gerou uma onda de protestos massivos da sociedade civil aos quais se uniu o chefe de Estado, no meio da indignação pelo lento avanço da instrução policial sobre o crime e o escândalo de corrupção revelado pelo trabalho do repórter.

Nestas marchas populares também sempre esteve presente Caputova, que colaborou em várias investigações de casos de corrupção com Kuciak. EFE