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Bolsonaro visita Israel para reforçar crescentes laços bilaterais

30/03/2019 16h51

Jerusalém, 30 mar (EFE).- O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, começa amanhã uma visita oficial por Israel, na qual mostrará sua boa sintonia com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e as boas relações entre ambos os países, que estreitarão ainda mais as alianças.

Ele aterrissará no Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, às 10h (horário local, 4h em Brasília), onde a sua comitiva, integrada também por vários ministros, será recebida em cerimônia na qual também Netanyahu discursará. Admirador declarado de Israel, o presidente ficará quatro dias no país, onde deve anunciar a abertura de um escritório de negócios em Jerusalém, passo anterior à decisão de transferir ou não a embaixada para lá.

"Bolsonaro disse que pediu estudos para avaliar a instalação de um escritório de negócios em Jerusalém e estabelecer vantagens e desvantagens das diferentes possibilidades", declarou à Agência Efe uma fonte oficial brasileira.

Após a chegada, a comitiva irá para Jerusalém, onde o presidente brasileiro se reunirá com Netanyahu para assinar vários acordos bilaterais nas áreas de ciência e tecnologia, Defesa, segurança pública, serviços aéreos e saúde. Depois, ele fará uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro, e em seguida os dois jantarão na residência oficial.

A comitiva presidencial inclui os ministros de Relações Exteriores, Ernesto Araújo; de Minas e Energia, Bento Albuquerque; de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes; e de Segurança Institucional, Augusto Heleno Ribeiro.

Por enquanto, Bolsonaro não deve seguir os passos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que esta semana formalizou o reconhecimento das Colinas de Golã tomadas da Síria por Israel, como território israelense, em outra decisão que rompe com o consenso internacional.

Na segunda-feira, o presidente visitará a Basílica do Santo Sepulcro, um dos maiores símbolos do cristianismo, e o Muro das Lamentações, o lugar de culto mais sagrado dos judeus, situado em Jerusalém Oriental ocupado, e que o seu gabinete colocou como parte do programa oficial em Israel.

Hanan Ashrawi, integrante do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), disse que é "totalmente inaceitável" a delegação brasileira incluir a parte leste da Cidade Santa, que os palestinos reivindicam como capital do seu futuro Estado, como território israelense. Segundo ela, as autoridades palestinas não receberam qualquer oferta de reunião do executivo brasileiro.

"A Palestina tem relações diplomáticas com o Brasil, mas não há por parte do governo brasileiro agenda ou decisão de visitar essa região", disse à Efe a mesma fonte brasileira, destacando que não está "descartado que isso ocorra em algum momento".

O Brasil não reconhece oficialmente a soberania israelense em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, territórios palestinos ocupados desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. No entanto, Bolsonaro já reconheceu em várias ocasiões que vê Israel como uma referência, assim como a sua admiração pelas políticas de Netanyahu, que esteve presente na sua cerimônia de posse em Brasília.

As boas relações entre Israel e Brasil se evidenciaram com o envio de 132 soldados do Exército israelense para colaborar nos trabalhos de resgate após o desastre que aconteceu com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais.

Antes de ser presidente, Bolsonaro viajou para Israel em 2016 para ser batizado no Rio Jordão, de grande simbolismo para os evangélicos, com os quais ele conseguiu grande apoio nas eleições do ano passado. EFE