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OLP critica o Brasil por se referir a Jerusalém Oriental como parte de Israel

30/03/2019 09h40

Jerusalém, 30 mar (EFE).- A integrante do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Hanan Ashrawi considerou neste sábado que é "totalmente inaceitável" que o gabinete do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, incorpore a visita que ele fará a Jerusalém Oriental como parte de sua estadia oficial em Israel.

O programa da visita de Bolsonaro, que começa amanhã, indica que o presidente visitará na próxima segunda-feira a basílica do Santo Sepulcro, o templo mais sagrado para o cristianismo, e o Muro das Lamentações, o lugar de culto mais sagrado para os judeus, como parte de sua visita a Israel.

"Jerusalém Oriental é um território palestino ocupado", declarou Ashrawi, que condenou especialmente o fato de o gabinete de Bolsonaro mencionar sua visita ao Santo Sepulcro como parte da sua estadia em Israel, e assinalou que os palestinos são "os descendentes da tradição cristã mais antiga", com cerca de 2 mil anos de história.

Oficialmente, o Brasil não reconhece a soberania israelense sobre Jerusalém Oriental e Cisjordânia, territórios ocupados desde a Guerra dos Seis Dias em 1967.

Bolsonaro chegará amanhã a Israel com uma comitiva integrada por vários ministros, deputados, senadores e militares para uma estadia oficial de quatro dias, na qual se reunirá com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, com quem tem uma sintonia muito boa e deve firmar vários acordos bilaterais em diferentes matérias.

Além disso, como se insinuou há poucos dias, é esperado que Bolsonaro anuncie a possível abertura de um escritório de negócios em Jerusalém, o primeiro passo antes de decidir se transferirá ou não a embaixada do Brasil para a Cidade Sagrada, o que pode trazer problemas para a relação do país com os palestinos, que reivindicam Jerusalém Oriental como a capital de seu futuro Estado.

Ashrawi disse à Efe que vê com preocupação tal possibilidade, e acrescentou que as autoridades palestinas não receberam nenhuma oferta para se reunir com o governo brasileiro, apesar da visita do presidente à região.

A dirigente palestina também advertiu que Bolsonaro não deveria seguir os passos do presidente americano, Donald Trump, que no fim de 2017 reconheceu Jerusalém como capital de Israel, onde em maio do ano passado inaugurou a embaixada dos EUA, em uma polêmica mudança que rompeu com o consenso internacional sobre a Cidade Sagrada. EFE