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WikiLeaks acusa embaixada do Equador de espionar Assange

10/04/2019 10h56

Londres, 10 abr (EFE).- O jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi vítima de uma sofisticada operação de espionagem na embaixada do Equador em Londres, no Reino Unido, onde ele está refugiado desde 2012, segundo afirmou nesta quarta-feira o próprio site da organização, que se dedica a divulgar documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis.

As reuniões entre advogados e um médico na sede diplomática foram filmadas em segredo no último ano, garantiu o grupo em Londres, dias depois que o WikiLeaks afirmou em um tweet que Assange poderia ser expulso da embaixada em poucos dias.

Segundo a organização, um indivíduo "duvidoso", não identificado, ofereceu todo o material na Espanha em troca de 3 milhões de euros.

O diretor do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, disse nesta quarta-feira, em declarações aos veículos de imprensa, que viajou para a Espanha para encontrar essa pessoa, que lhe mostrou vídeos das reuniões que Assange manteve no último ano, assim como a cópia de um documento legal deixado em uma sala do edifício diplomático.

Assange está refugiado na embaixada do Equador na capital do Reino Unido desde junho de 2012 para evitar sua extradição à Suécia, que então solicitava sua entrega por supostos crimes sexuais.

Segundo Hrafnsson, as tentativas para expulsar Assange da embaixada aumentaram, o que levou o WikiLeaks a fazer uma advertência na semana passada.

Na sexta-feira, a organização tuítou que Assange seria expulso da embaixada em questão de "horas ou dias", algo que não ocorreu.

"A única razão pela qual isso foi evitado é porque soubemos e publicamos a informação", afirmou Hrafnsson, que classificou de "extensa" a operação de espionagem no edifício.

De acordo com o diretor do WikiLeaks, a polícia espanhola foi informada que documentos e vídeos estão à venda e o caso passou para as mãos de um juiz para sua investigação.

A advogada do WikiLeaks, Jennifer Robinson, indicou que remeterá uma queixa dessas atividades às Nações Unidas, e também expressou inquietação pela cooperação que o governo equatoriano está dando aos Estados Unidos.

"Sabemos que há uma acusação selada nos EUA para processá-lo (a Assange)" e que "qualquer garantia do governo do Reino Unido de que ele não será extraditado (aos EUA) não é crível", afirmou Robinson.

Hrafnsson ressaltou que Assange tem suas comunicações e visitas restringidas desde que o presidente equatoriano, Lenin Moreno, assumiu o poder no ano passado. EFE