Multidão impede auditoria na sede das Mães da Praça de Maio na Argentina
Buenos Aires, 15 abr (EFE).- Centenas de pessoas se reuniram nesta segunda-feira na porta da sede da Fundação Mães da Praça de Maio em Buenos Aires para impedir a entrada dos agentes judiciais que pretendiam realizar um inventário de bens a pedido da Justiça.
Pouco depois que os funcionários alocados para a auditoria, que faz parte da investigação da declaração de falência da associação, tentaram entrar nas instalações sem sucesso, a presidente das Mães, Hebe de Bonafini, falou aos presentes para agradecer pela iniciativa.
"O dia de hoje é um dia para a história, quando o povo veio defender o que lhe pertence, que é esta casa com o arquivo que tem dentro e tudo o que as mães pensamos em deixar para filhos, netos e sua família", afirmou De Bonafini.
Esta é a primeira vez que se impede o inventário de bens, que já aconteceu em "três ou quatro" ocasiões, segundo destacou o advogado Daniel Truffat, um dos encarregados da operação judicial que investiga a falência da Fundação Mães da Praça de Maio decretada em 2017 a pedido de um ex-funcionário da associação.
"Era a terceira ou quarta vez que viemos. Hebe (De Bonafini) sempre nos recebeu sem problemas, com alguma negociação para entrar, mas sempre nos permitiu cumprir a diligência do tribunal", assegurou Truffat em declarações à emissora "TN".
Muitos dos presentes acusaram a Justiça e o governo argentino de querer "acabar" com o registro histórico administrado pela associação, segundo afirmou à Agência Efe o deputado federal Adrián Grana.
"É uma nova ofensiva contra as Mães da Praça de Maio do Poder Judicial e do poder na Argentina, tentando, em princípio, despejar este lugar e, em segunda instância, acabar com o arquivo que têm e que fala dos responsáveis militares e civis do que foi a ditadura e o genocídio na Argentina", afirmou.
Esta versão foi defendida pelo também deputado e neto restituído Horacio Pietragalla, que teve acesso à ordem judicial e declarou que esta contemplava, além do inventário, a possibilidade de fechar o local.
"Já tinham feito uma auditoria, o juiz não gostou e mandou fazer outra. Uma cláusula dentro da ordem dizia que, se não se garantisse o bem-estar do material, podiam seguir adiante com o fechamento do local", comentou. EFE
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