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Responsável por caso Odebrecht no Peru pede respeito à autonomia da Justiça

22/04/2019 14h31

Lima, 22 abr (EFE).- O promotor José Domingo Pérez, um dos responsáveis da equipe especial que investiga o caso Odebrecht no Peru, pediu nesta segunda-feira respeito à autonomia da Justiça após declarações feitas pelo presidente do país, Martín Vizcarra.

Vizcarra criticou as tentativas de vincular o governo com o suicídio do ex-presidente Alan García, um dos investigados pela Lava Jato no Peru.

Além disso, o presidente pediu que a Justiça avalie melhor as ordens de prisão preventiva contra os acusados de corrupção no país.

García se suicidou pouco antes de ser preso provisoriamente em uma investigação ligada ao caso Odebrecht no Peru. O antecessor de Vizcarra no cargo, Pedro Pablo Kuczynski, está internado em uma clínica por problemas cardíacos após passar mal na sede da Polícia Nacional em Lima, onde era mantido detido.

"O Ministério Público vai continuar realizando seu trabalho como sempre realizou, com independência. O que pedimos é respeito à independência da Justiça", disse o promotor.

"Entendo que esse foi um comentário do ponto de vista político. Nós do Ministério Público trabalhamos a partir de um ponto de vista técnico e jurídico, defendemos os pedidos de prisão preventiva diante de um juiz", completou Domingo Pérez.

Antes de viajar para o Brasil, onde os promotores peruanos interrogarão amanhã Jorge Barata, ex-diretor da Odebrecht no Peru, Domingo Pérez garantiu que o Ministério Público continuará "trabalhando com independência".

A família de Kuczynski disse que o pedido de prisão preventiva de 36 meses feito pelos promotores e acatado pela Justiça é uma medida desumana e uma "sentença de morte" para o ex-presidente, de 80 anos, que além da idade avançada sofre com vários problemas de saúde.

Domingo Pérez alegou que a Justiça acatou o pedido do Ministério Público porque Kuczynski estava descumprindo as solicitações feitas pelos promotores e poderia tentar atrapalhar as investigações.

Nas declarações feitas no domingo, Vizcarra pediu à Justiça que reflita melhor sobre os pedidos de prisão preventiva, uma medida que, segundo ele, só pode ser aplicada em caráter excepcional.

O corpo de Alan García foi cremado na última sexta-feira em um cemitério de Lima. Apenas familiares, amigos e lideranças políticas próximas ao ex-presidente participaram da cerimônia. EFE