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Ex-diretor da Odebrecht no Peru revela identidade de implicados em corrupção

24/04/2019 21h46

Curitiba (PR), 24 abr (EFE).- O ex-diretor da construtora Odebrecht no Peru, Jorge Barata, decodificou nesta terça-feira no Brasil os codinomes usados dentro do sistema que controlava o esquema de propinas da construtora no país andino, segundo afirmou o chefe do Ministério Público peruano para o caso Lava Jato, Rafael Vela.

"O senhor Barata deu uma explicação das rotas do dinheiro e dos pagamentos referidos", afirmou Vela à imprensa ao deixar, durante um intervalo, a sede do Ministério Público de Curitiba.

O promotor, que se negou a oferecer detalhes sobre as confissões de Barata para não prejudicar as investigações, também destacou sua "absoluta satisfação" com as declarações do brasileiro radicado no Peru no segundo dia de interrogatórios.

Ontem, Barata já tinha respondido a perguntas do Ministério Público e dos advogados de defesa dos investigados e confirmado que a Odebrecht repassou dinheiro à campanha política de García, e também para as de Keiko Fujimori, Pedro Pablo Kuczynski, Ollanta Humala, Lourdes Flores Nano e Susana Villarán.

Sobre o processo de homologação da delação premiada de Barata com a Justiça peruana, Vela explicou que este segue em trâmite e que, como garantia para ter direito aos benefícios da colaboração, o ex-executivo deverá entregar em breve "4.000 páginas de informação proveniente" dos sistemas My Web Day e Drousys.

Através desses sistemas, a construtora brasileira implicada em escândalos de corrupção em vários países latino-americanos solicitava, processava e controlava as operações para o pagamento de subornos.

No primeiro rodízio de perguntas, que se estendeu por quase seis horas, Barata foi interrogado por Vela e outros promotores, além de advogados de defesa dos envolvidos, sobre os "decretos de urgência" promulgados pelo falecido ex-presidente peruano Alan García, que na semana passada cometeu suicídio antes de ser preso.

Vela corroborou a declaração do advogado do ex-governante, Erasmo Reyna, que não pôde participar do interrogatório porque seu representante já morreu e "a extinção da ação penal automaticamente determina como um fato notório que o senhor García já não pode ser objeto de uma ação penal".

No último dia 16 de fevereiro, os promotores peruanos assinaram em São Paulo um acordo no qual a Odebrecht se dispôs a entregar documentos "valiosos" e a pagar 610 milhões de soles peruanos (cerca de R$ 725 milhões) ao governo do país andino pelos subornos realizados.

A Odebrecht admitiu ter pagado subornos para adjudicar quatro grandes obras de infraestrutura no Peru, entre 2005 e 2014, assim como ter apoiado campanhas eleitorais de várias figuras políticas no país.

Entre fevereiro e abril, a equipe de promotores tomou os testemunhos de vários ex-executivos da Odebrecht em uma série de interrogatórios que deverá concluir na próxima sexta-feira, quando termina o depoimento de Barata. EFE