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Partida de ultradireita Vox entra com certa força no Parlamento espanhol

28/04/2019 23h49

Madri, 28 abr (EFE).- A extrema direita entrou com força no Parlamento da Espanha, depois que o partido Vox conseguiu neste domingo 24 das 350 cadeiras no Congresso dos Deputados, embora com menos ímpeto após a grande expectativa gerada durante a campanha, por causa de sua grande capacidade de mobilização.

No fim, a legenda da ultradireita obteve 2,676 milhões de votos, 10,26% do total, e se situa como quinta força política do país, com um aumento brutal em relação aos 47.100 votos (0,2%) das eleições anteriores de 2016.

No entanto, o fato de algumas pesquisas anteciparem que o Vox poderia se aproximar dos 40 deputados e a grande presença de público em seus atos eleitorais, com ginásios lotados, tinham criado expectativas mais altas.

Mesmo assim, os líderes deste partido se mostraram vitoriosos e destacaram a conquista que representa entrar no Congresso com mais de 20 parlamentares.

O presidente do Vox, Santiago Abascal, classificou de "verdadeiro milagre" o forte crescimento de seu partido e falou para seus correligionários que "isto é só o princípio, o Vox veio para ficar".

Abascal voltou a repetir que seu partido começou a "reconquista" da Espanha, em referência à luta contra os muçulmanos durante a Idade Média.

Antigo militante do Partido Popular (PP), voltou a chamar sua antiga legenda da forma depreciativa "direitinha covarde" e afirmou sua "preocupação com a vitória da esquerda em nível nacional", antecipando que liderarão uma "resistência nacional".

"Vocês têm que ficar muito orgulhosos e muito satisfeitos porque fizeram história", destacou o secretário-geral do partido, Javier Ortega Smith.

Situado na nova onda de extrema-direita populista que varreu boa parte de Europa, EUA e inclusive Brasil, o Vox se beneficiou especialmente da crise independentista da Catalunha do outono de 2017, contra a qual o governo anterior presidido por Mariano Rajoy (PP) mostrou muita passividade, segundo os críticos da direita.

O Vox foi criado em 2013 a partir de descontentamentos dentro do PP e até as eleições regionais andaluzas de dezembro do ano passado tinha obtido resultados imperceptíveis.

Em todo caso, a decolagem definitiva do Vox vem no rastro da progressão destes partidos em países da União Europeia como Alemanha, França, Itália, Holanda, Dinamarca, Áustria, Finlândia, Hungria e República Tcheca, em alguns deles inclusive participando de coalizões de Governo, como nos casos italiano e austríaco.

No entanto, embora o Vox compartilhe com muitos deles o discurso contra a imigração, especialmente de países muçulmanos ou africanos, é em termos gerais pouco menos eurofóbico e mais centrado em criticar a lei de violência sexual e feminismo, e em defender a caça e a tourada.

O Vox também imitou Donald Trump ao propor construir um muro de concreto inexpugnável (e pago pela União Europeia) nas duas cidades autônomas da Ceuta e Melilla, situadas no norte da África, para prevenir que imigrantes ilegais consigam atravessar as atuais cercas de fronteira.

Até agora, a única ocasião em que a extrema direita tinha estado presente no Congresso do Deputados espanhol aconteceu entre 1979 e 1982, com um único legislador, Blas Piñar, o principal representante do nostálgico regime ditatorial de Franco. EFE