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Produtoras de cinema se posicionam contra restritiva lei de aborto na Geórgia

10/05/2019 22h23

Atlanta (EUA), 10 mai (EFE).- Várias produtoras de cinema já anunciaram que não filmarão na Geórgia depois que o governador do estado, Brian Kemp, promulgou na terça-feira passada uma lei que proíbe o aborto a partir do momento em se ouve as batidas do coração do feto.

A Blown Deadline Productions foi uma das primeiras companhias a anunciar sua decisão através de redes sociais, com um comentário do produtor David Simon.

"Não posso pedir a nenhuma das mulheres que trabalham em qualquer produção com a qual estou envolvido que se marginalize ou comprometa a autoridade inalienável sobre seus corpos. Eu farei produções onde os direitos de todos os cidadãos permaneçam intactos", declarou Simon, criador da série "The Wire", na sua conta do Twitter.

Simon recebeu o respaldo de colegas como a presidente da produtora Killer Films, Christine Vachon, que através das suas redes sociais também advertiu que deixará de filmar no estado enquanto esta "ridícula lei" estiver em vigor.

Além disso, a produtora Nina Jacobson, cuja companhia esteve a cargo do bem-sucedido filme "Podres de Ricos" e da série "American Crime Story", também expressou seu apoio à postura dos seus colegas.

Por sua parte, vários grandes estúdios de cinema que nos últimos anos transferiram suas produções à Geórgia indicaram que esperarão uma decisão definitiva nos tribunais.

A União Americana de Liberdades Civis (ACLU) já anunciou que recorrerá contra a lei porque "proibirá o aborto seguro, legal e criminalizará a decisão mais íntima que tomam as mulheres e os casais".

Por outro lado, o grupo Planned Parenthood afirmou que arrecadará fundos para fazer campanha contra os legisladores que aprovaram a lei.

Atualmente, no estado da Geórgia uma mulher pode realizar um aborto até a 20ª semana da sua gravidez, mas a nova legislação considera ilegal toda interrupção da gravidez a partir do momento em que se detecta a batida do coração fetal, algo que acontece na sexta semana, quando a mulher pode ainda não saber da sua gravidez.

"A norma é muito simples, mas também muito poderosa: é uma declaração de que toda vida tem valor, importa e é digna de proteção", disse o republicano Kemp em declarações aos meios de comunicação locais ao assinar a lei no Capitólio estadual.

Esta lei contra o aborto é a mais restritiva dos EUA e foi aprovada anteriormente no estado de Iowa, embora atualmente esteja paralisada por uma medida judicial. EFE