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Com leitura de acusações, termina 1º dia do julgamento de Cristina Kirchner

A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no Tribunal Federal de Comodoro Py, em Buenos Aires, nesta terça-feira (21). Ela enfrenta o banco dos réus pela primeira. Na audiência, que começou por volta das 12h (horário de Brasília), Cristina responderá a acusações de corrupção em contratos durante o período em que esteve no poder, de 2007 a 2015 - ESTADÃO CONTEÚDO
A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no Tribunal Federal de Comodoro Py, em Buenos Aires, nesta terça-feira (21). Ela enfrenta o banco dos réus pela primeira. Na audiência, que começou por volta das 12h (horário de Brasília), Cristina responderá a acusações de corrupção em contratos durante o período em que esteve no poder, de 2007 a 2015 Imagem: ESTADÃO CONTEÚDO

21/05/2019 17h55

O primeiro dia do julgamento da ex-presidente da Argentina e atual senadora Cristina Kirchner, nesta terça-feira, foi concluído após a leitura de acusações, e será retomado na próxima segunda-feira.

Pouco depois das 15h (horário local e em Brasília), Cristina deixou a sede do tribunal federal de Buenos Aires em meio ao apoio de simpatizantes que a aguardavam do lado de fora nas três horas em que durou a audiência, marcada também por um forte esquema de segurança.

Além da senadora e o advogado Carlos Beraldi, estiveram presentes ao julgamento o empresário Lázaro Báez, o ex-ministro de Planejamento Julio de Vido e o ex-secretário de Obras Públicas José López, entre outros envolvidos no caso.

O Ministério Público Federal apontou que tanto Cristina como seu falecido marido e antecessor na presidência, Néstor Kirchner, foram "chefes" de uma "associação criminosa" destinada a se apoderar "de milionários recursos públicos" através da concessão de obras públicas às empresas de Báez durante os mandatos de ambos na província de Santa Cruz.

Na leitura de acusações, foi ressaltado que no processo é investigada a suposta "divisão de papéis definidos e estratégicos" dentro e fora da estrutura do Estado e sustentado "ininterruptamente" ao longo mais de 12 anos, visando "múltiplos crimes" com o fim de "subtrair e depois se apoderar ilegitimamente e de forma deliberada de milionários recursos públicos".

"Essa associação criminosa funcionou de forma estável e permanente dentro da estrutura administrativa estatal e através da instauração de uma engenharia societária criada e ampliada para os fins procurados", leu o secretário do tribunal ao começo da audiência.

Embora a ex-presidente não tenha falado publicamente, de manhã, no Twitter, ela disse que o julgamento - que deve durar um ano, com 13 acusados e mais de 160 testemunhas - é um "novo ato de perseguição" com o qual se busca montar uma "cortina de fumaça" em meio à crise econômica do país, e negou as acusações.

"Claramente não se trata de fazer justiça. Só de armar uma nova cortina de fumaça que pretende distrair os argentinos e as argentinas - cada vez com menos sucesso - da dramática situação vivida por nosso país e nosso povo", afirmou.

Como espectadores no tribunal e em apoio a Cristina, estavam presentes a presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, as mães da Praça de Maio Taty Almeida e Hebe de Bonafini e o sindicalista Hugo Yasky.