Topo

Campanhas tentam reverter baixa participação nas eleições para a Eurocâmara

22/05/2019 20h28

Catalina Guerrero.

Madri, 22 mai (EFE).- Campanhas para mobilizar os eleitores, especialmente os mais jovens, tentam combater o que tende a ser o principal problema das eleições para a Eurocâmara: a abstenção.

Constante desde 1979, quando os cidadãos da União Europeia (UE) elegeram os primeiros representantes para o Parlamento Europeu, a diminuição na participação deve se manter no pleito deste ano, considerado chave para o futuro do bloco devido ao crescimento do extremismo e ao Brexit, a saída do Reino Unido como país-membro.

A pergunta no ar é se a sensação de excepcionalidade e urgência desta eleição conseguirá reverter a tendência de queda mostrada desde 1979, quando 61,99% dos cidadãos europeus foram às urnas, contra apenas 43,09% registrados no pleito de 2014.

Considerando o aumento no universo de eleitores, a ausência fica ainda mais relevante. Em 1979, quando os nove países fundadores da UE escolheram seus representantes, 185 milhões de cidadãos estavam aptos a votar. Desta vez, com os atuais 28 países-membros, a UE tem um eleitorado de 419,2 milhões de pessoas.

Parte dos temores quanto à alta abstenção no atual pleito tem relação direta com o crescimento da direita radical em todo o continente. Tradicionalmente, uma menor participação favorece candidatos populistas e extremistas.

Segundo a pesquisa oficial Eurobarômetro, 100 milhões de eleitores continuam indecisos sobre em quem votar no pleito que definirá os 751 deputados que formarão a nova composição da Eurocâmara.

As projeções indicam que a nova legislatura será a mais fragmentada da história e que partidos críticos da UE poderão ter mais de 150 cadeiras no Parlamento Europeu.

OBJETIVO: CONSCIENTIZAR E MOBILIZAR.

Cientes de que forças internas e externas tentam travar ou acabar com o projeto da União Europeia, grupos políticos que defendem uma maior integração do bloco multiplicaram as campanhas convocando os eleitores a irem às urnas, ressaltando à população que mais de 70% da legislação que afeta suas vidas é feita pela Eurocâmara.

O contexto de inquietação foi expressado no chamado conjunto feito no último dia 9 de maio por 21 presidentes dos países-membros da UE, ou seja, todos os chefes de Estado do bloco, com exceção apenas daqueles que tem um regime monárquico.

Para combater o euroceticismo, os líderes pediram que eleitores votassem pensando na ideia de uma Europa pacífica e integrada.

Assinaram a convocação os presidentes de Alemanha, França, Itália, Áustria, Polônia, Portugal, Irlanda, Grécia, Bulgária, Hungria, Romênia, República Checa, Estônia, Croácia, Chipre, Letônia, Lituânia, Eslovênia, Eslováquia, Finlândia e Malta.

A Espanha é o único país da UE onde a Junta Central Eleitoral entende que a abstenção é tão legítima como o exercício do direito ao voto e, que, portanto, o poder público não pode participar de uma campanha que promova esse tipo de mobilização.

UM ENORME ESFORÇO DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO.

Para tentar atenuar o desinteresse dos cidadãos, várias campanhas de comunicação com o eleitor e de informação sobre o funcionamento da Eurocâmara estão sendo realizadas nos países-membros da UE.

Veículos de imprensa, tanto públicos como privados, têm organizado mais debates ao vivo com os principais cabeças de chapa dos partidos europeus e com outros candidatos, e campanhas sem precedentes foram organizadas pelas instituições europeias, inclusive a própria Eurocâmara.

A Comissão Europeia, por exemplo, lançou a "Europa na minha região" para informar aos cidadãos sobre os projetos financiados com recursos do bloco, mas muitas vezes apropriados pelas autoridades locais para ganho político.

Já a "Desta Vez Voto", inspirada nos movimentos de base surgidos nos Estados Unidos, foca nos menores de 35 anos. Segundo dados da Eurocâmara, esse grupo da população é muito ligado à ideia de integração do bloco, mas vota pouco.

Divulgada através das redes sociais, a campanha foi produzida em 24 idiomas para tentar conscientizar os jovens sobre a responsabilidade que eles têm em relação à construção do futuro da UE.

Além dos milhares de voluntários que organizaram eventos convocando a população a votar em diversos países da UE, personalidades políticas, da televisão, do cinema e blogueiros também têm promovido iniciativas visando o pleito para a Eurocâmara.

A última campanha lançada e que viralizou nas redes sociais foi batizada como "Escolher o futuro". O vídeo mostra partos reais de diversas mulheres que deram à luz entre janeiro e março em quatro países: Grécia, República Tcheca, Dinamarca e Hungria. EFE