Trump se esquiva do Congresso para vender armas à Arábia Saudita
Washington, 24 mai (EFE).- O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invocou nesta sexta-feira uma brecha legal para esquivar o Congresso e aprovar, sem sua autorização, uma venda de armas no valor de US$ 8,1 bilhões a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Jordânia.
O objetivo é "impedir a agressão iraniana e reforçar a capacidade de defesa própria" dos aliados dos Estados Unidos, explicou em comunicado o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
O titular de Relações Exteriores dos EUA notificou o Congresso sua decisão de usar uma brecha da lei que regula a exportação de armas com a meta de se esquivar da supervisão dos legisladores e entregar a Arábia Saudita, Emirados e Jordânia equipamentos de vigilância, munição de precisão e outras provisões.
Pompeo afirmou que "atrasar esta entrega poderia causar a degradação de sistemas e a falta de peças de manutenção necessárias, o que poderia criar graves problemas de aeronavegabilidade e interoperabilidade para nossos parceiros-chave, em um momento de crescente volatilidade regional".
Pompeo disse que "tem intenção" de usar apenas "uma vez" a exceção legal que permite ao Executivo exportar armamento sem a autorização do Congresso, ao qual corresponde dar sinal verde a essas operações.
A oposição do Congresso ao apoio militar dos EUA à Arábia Saudita veio aumentando nos últimos meses e, de fato, os legisladores chegaram a bloquear cerca de US$ 2 bilhões em vendas de armas durante mais de um ano e meio.
Este bloqueio ocorreu pela preocupação dos legisladores com as baixas civis na operação militar liderada pela Arábia Saudita no Iêmen e a indignação pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em outubro do ano passado, por agentes sauditas.
Em abril, Trump vetou uma resolução aprovada pelo Congresso para que os Estados Unidos retirassem o apoio militar que oferece à Arábia Saudita na guerra do Iêmen.
A medida obteve o apoio da maioria dos legisladores após o assassinato de Khashoggi no último dia 2 de outubro no consulado do seu país em Istambul por agentes sauditas chegados de Riad, alguns próximos ao príncipe herdeiro, Mohammad bin Salman, o que gerou grande rejeição internacional.
Trump, no entanto, defendeu o reino como um grande aliado na região e se opôs a que o assassinato de Khashoggi mude as relações entre os países. EFE
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