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Resultados das eleições europeias dão sinais sobre o futuro da UE

26/05/2019 21h17

Lara Malvesí.

Bruxelas, 27 mai (EFE).- Os europeus deixaram claro nesta eleições para a Eurocâmara, as de maior participação desde 1999, que a maior parte do continente segue apoiando, ainda que em menor número, conservadores, socialistas e liberais, e mostraram que a região não é tão contrária à União Europeia como alguns previam.

Outro sinal que sai das urnas neste domingo é o da preocupação dos eleitores com o ambientalismo, o que se refletiu no crescimento do Grupo dos Verdes dentro da nova composição do Parlamento Europeu.

Mas o que significam os resultados das eleições europeias?

1. Chegou a hora do multipartidarismo e dos consensos:.

O Partido Popular Europeu (PPE) e a Aliança dos Socialistas e Democratas Progressistas (S&D) não reúnem pela primeira vez na história a maioria da Eurocâmara. Após mais de 40 anos, as duas grandes coalizões precisarão buscar apoios para discutir e votar os grandes temas europeus, construindo um grupo multipartidário no parlamento. Liberais e verdes são os aliados preferidos.

2. O fantasma eurocético não é tão assustador como se pensava

Como em 2014, as previsões de que um Cavalo de Troia invadiria e destruiria as instituições europeias por dentro evaporaram na apuração dos votos. Os críticos da União Europeia cresceram, terão mais de 50 cadeiras na Eurocâmara, mas ainda estão longe de reunir condições de bloquear os trabalhos da casa.

Para o futuro, a incógnita são os Reformistas e Conservadores Europeus (ERC), principal derrotado nestas eleições. Há a possibilidade de que os restos do grupo sejam cooptados por algum dos grupos eurocéticos já existentes, a Europa das Nações e da Liberdade (ENL), de Marine Le Pen, ou a Europa da Liberdade e da Democracia Direta (EFDD), de Nigel Farage, líder do Partido do Brexit, que defende a saída do Reino Unido do bloco.

3. Itália e França, espaço para o crescimento dos eurocéticos

Embora os críticos da União Europeia não tenham conquistado maioria na Eurocâmara, não deixa de ser significativo que na Itália e na França, países fundadores do projeto europeu, tenham vencido partidos de extrema direita nacionalista. Matteo Salvini, da Liga Norte, e Marine Le Pen, do Reunião Nacional, apostam por devolver aos governos locais parte da soberania cedida às instituições europeias e relacionam o bloco com um espaço sem restrição à imigração e aos refugiados.

4. Ambientalismo em alta.

Alemanha e Dinamarca, entre outros, alimentaram o crescimento do Grupo dos Verdes, que conquistaram quase 20 cadeiras a mais do que na última eleição para a Eurocâmara. A consciência ecológica, que está levando milhares de jovens às ruas de todo o continente nas sextas-feiras, começou afetar o resultado das urnas.

Os ecologistas, assim como os liberais, passam a ser essenciais para a formação de maiorias e poderão exigir cargos na nova repartição de presidências das instituições europeias.

5. Conservadores recuam, mesmo com inclusão de partido de Orbán

O Partido Popular Europeu (PPE), que reúne legendas conservadoras e de orientação democrata-cristã, segue como principal bancada da Eurocâmara, mas continua perdendo espaço no continente. Com 221 cadeiras em 2014, o grupo terá agora 178, ainda considerando os 13 representantes do Fidesz, partido do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que foi suspenso da coalizão.

Caso o Fidesz deixe a bancada do PPE, o grupo continuará como principal força do Parlamento Europeu, mas apenas com 13 deputados a mais que o S&D.

6.- Bloco alternativo liberal de esquerda não será possível

As bancadas da esquerda, dos ecologistas e dos liberais conquistaram 366 deputados, dez a menos do que o suficiente para conquistar a maioria da Eurocâmara. Não será possível a formação de nenhuma grande aliança que não conte com a presença do PPE.

Embora seja pouco provável, os conservadores podem sim optar por formar uma maioria alternativa com a extrema direita e os populistas.

O novo equilíbrio de poder no Parlamento Europeu dificultará a aprovação de leis encalhadas há anos em Bruxelas, como a reforma do sistema de asilo e a luta contra a fraude fiscal.

7.- Britânicos punem gestão do Brexit nas urnas

A queda do Partido Conservador do Reino Unido, dos ex-primeiros ministros David Cameron e Theresa May - confirma a insatisfação dos britânicos com as decisões que os dois tomaram em relação ao Brexit, a saída do país da UE. Os "tories" devem ficar apenas como a quinta colocação nas eleições europeias. EFE