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Rússia acusa EUA de desestabilizar sistema de segurança global

Vladimir Putin - Xinhua/Sputnik
Vladimir Putin Imagem: Xinhua/Sputnik

06/06/2019 12h38

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou nesta quinta-feira os Estados Unidos de terem desestabilizado toda a estrutura do sistema de segurança global, ao sair e suspender importantes tratados de controle de armas.

"Nossos parceiros americanos saíram do Tratado sobre Mísseis Antibalísticos, foi o primeiro passo para desmantelar desde sua base toda a estrutura das relações internacionais na esfera da segurança global", disse Putin em um encontro em São Petersburgo com as principais agências de notícias internacionais.

"E foi um passo muito grave. Agora falamos da saída, também unilateral, de nossos parceiros americanos do Tratado INF sobre mísseis de médio e curto alcance", afirmou o presidente russo.

Putin disse que no primeiro caso Washington "se comportou honestamente", ao sair do tratado unilateralmente sem mais, mas que com o INF "tentam jogar a culpa na Rússia".

Rússia e EUA se acusam mutuamente de ter violado o INF, que trata sobre a eliminação de mísseis de médio e curto alcance, assinado em 1987, que primeiro foi suspenso pelo presidente Donald Trump e posteriormente por Putin.

O chefe do Kremlin afirmou que, em virtude do acordo, "não se pode instalar plataformas de lançamento terrestres de mísseis de curto e médio alcance, mas os EUA as instalaram na Romênia e agora as colocarão na Polônia. Trata-se de uma violação direta", enfatizou.

"Agora temos na agenda a prorrogação do Novo START - de redução de armas nucleares e que expira em 2021 -, mas pode não ser prorrogado", advertiu Putin.

Em relação à possibilidade de EUA e Rússia não chegarem a um acordo para estender a vida do tratado, o presidente russo enviou uma mensagem que pode ser tomada como de advertência a Washington.

"Nossos sistemas modernos são capazes de garantir a segurança da Rússia durante um futuro bastante longo", explicou Putin, considerando que a Rússia deu "realmente um salto considerável e se antecipou aos seus competidores na criação de armas hipersônicas".

"Se ninguém quer prorrogar o tratado START III, então não o prorrogaremos. Dissemos centenas de vezes que estamos prontos, mas ninguém dialogou conosco até o momento", se queixou Putin.

"Não há nenhuma preparação formal para o processo de conversas e em 2021 tudo terminará", lembrou o presidente russo, advertindo que "não restará nenhuma ferramenta para limitar a corrida armamentista, incluindo o lugar de armas no espaço, a criação de armas nucleares de baixa potência e o uso de mísseis estratégicos sem cargas nucleares".

Neste sentido, Putin se mostrou "profundamente convencido" de que esta questão do controle de armas deve ser objeto de uma "discussão aberta, transparente, profissional" com a participação da comunidade internacional até onde for possível.

"Repetirei que estamos preparados para isso, temos certeza de nossa segurança, mas existe naturalmente a preocupação com a desmontagem total de todo o mecanismo de controle das armas estratégicas e da não proliferação", acrescentou.

"Qual é a saída? A única saída é o trabalho conjunto", respondeu Putin, afirmando que o presidente dos EUA cria um certo otimismo neste sentido, porque "também está preocupado".

"As conversas entre Rússia e EUA são as mais significativas, já que somos os países com o maior potencial nuclear, mas em geral eu penso que é preciso atrair todos os países nucleares. Os oficiais e os não oficiais, porque envolver só os reconhecidos e não os não reconhecidos faz com que estes últimos continuem desenvolvendo armas, concluiu Putin.