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Milhares de kosovares comemoram com Bill Clinton os 20 anos do fim da guerra

12/06/2019 11h52

Pristina, 12 jun (EFE).- Milhares de pessoas se reuniram nesta quarta-feira no centro de Pristina para comemorar, junto a várias personalidades internacionais, como o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, o 20º aniversário do fim da guerra que abriu o caminho para declarar a independência do Kosovo em 2008.

No meio dos milhares de cidadãos reunidos na capital kosovar, Clinton destacou que "há 20 anos o povo do Kosovo ganhou a paz, enquanto a Otan ganhou o conflito".

Os EUA "estiveram ao lado do Kosovo contra a limpeza étnica e a favor da liberdade", acrescentou o ex-presidente americano, que liderou a coalizão internacional da Otan que bombardeou a então Iugoslávia para evitar uma limpeza étnica na região.

Clinton lembrou que nos anos 90 havia uma série de conflitos que deveriam ser resolvidos após a queda do comunismo na Europa, "mas no final a questão passou a ser se iríamos permitir que o Kosovo sofresse uma nova rodada de limpeza étnica".

"Para os EUA e o mundo, o Kosovo representava algo mais importante que nós mesmos", concluiu o ex-presidente em meio a grandes ovações.

Também estava presente a ex-secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, que se dirigiu à multidão e destacou que a Otan e seus aliados "fizeram o correto" em 1999.

"Ganhamos porque a nossa aliança foi forte e unificada. Além disso, nossa causa era justa. A campanha estava fundada no alicerce da justifica", disse.

"A aliança mais forte do mundo ia ficar olhando como um grupo étnico ia ser expulso de suas casas nos arredores da Otan? A resposta tinha que ser 'não'", acrescentou Albright.

"Mostramos ao mundo o que é possível quando diplomacia e força (militar) trabalham juntas a favor dos valores", finalizou a ex-secretária de estado de 82 anos, em cuja homenagem foi inaugurado hoje um busto no centro de Pristina.

Por sua vez, o presidente do Kosovo, o ex-líder guerrilheiro Hashim Thaçi, destacou que seu país "quer viver em paz e boa vizinhança com todo o mundo, para garantir o bem-estar de todos os seus cidadãos", incluindo explicitamente as minorias do país, em particular a sérvia.

Thaçi destacou que o Kosovo não poderá ser entendido como completo "sem içar a bandeira na sede da ONU" e "sem conseguir o reconhecimento de cinco países da União Europeia", em referência a Espanha, Grécia, Romênia, Eslováquia e Chipre.

Por outro lado, reiterou a disponibilidade de "negociar com a Sérvia um acordo geral, a fim de normalizar as relações entre os dois países".

Após 78 dias de bombardeios entre março e junho de 1999, cerca de 50 mil soldados da Otan entraram no Kosovo enquanto o exército e a polícia sérvia abandonavam sua então província.

Nove anos mais tarde, em fevereiro de 2008, o Kosovo declarou sua independência, com o apoio dos EUA e da maior parte das potências ocidentais.

No entanto, até hoje o país não conta com o reconhecimento de Sérvia, China e Rússia, o que impede a sua entrada na ONU e em outras importantes organizações internacionais. EFE