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Trump designará ex-chefe de Agência de Imigração como "czar da fronteira"

14/06/2019 13h57

Washington, 14 jun (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira a escolha do ex-diretor da Agência de Imigração e Alfândegas (ICE) Thomas Homan como "border czar" - em tradução livre "czar da fronteira", que tem a função de coordenador - com o México, em outro passo para conter a imigração ilegal.

Em entrevista à emissora "FOX", Trump anunciou a escolha de Homan, que de janeiro a junho de 2017 ocupou de forma interina a chefia do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE), dependente do Departamento de Segurança Nacional.

Segundo o presidente, uma vez em suas funções, Homan "estará muito envolvido na fronteira" e prestará contas de seu trabalho "diretamente" a ele.

"Eu consegui em poucos dias o que outros não conseguiram em anos", declarou Trump em referência à ameaça de impor sobretaxas às importações do México se o país vizinho não fizesse mais esforços para controlar o fluxo de migrantes centro-americanos para os EUA.

Em abril do ano passado, Homan anunciou a decisão de deixar o posto no ICE por motivos familiares apenas seis meses depois de Trump tê-lo nomeado oficialmente para o cargo e sem que o Senado chegasse a confirmar sua designação.

Como coordenador da fronteira, Homan, de 57 anos e um entusiasta partidário das políticas de Trump em matéria de imigração, operará a partir da Casa Branca e responderá diretamente às instruções do presidente.

Estas políticas incluíram a separação de famílias que chegaram à fronteira pedindo asilo, a detenção de milhares de menores de idade e a reivindicação no Congresso de fundos para construir o muro prometido por Trump na campanha eleitoral.

Durante a gestão de Homan, o ICE aumentou notavelmente o número de detenções de imigrantes, depois deportados por residirem ilegalmente no país ou por ter cometido algum crime.

Os agentes do ICE se encarregam de deter os imigrantes para, depois, mantê-los em centros de detenção enquanto um juiz avalia se podem ficar no país ou devem ser deportados.

Quando Homan dirigia o ICE, diversas organizações sociais reivindicaram sua renúncia depois que o funcionário sugeriu que os funcionários públicos que promovem político "santuário" devem ser presos.

Em entrevista coletiva em janeiro de 2017, Homan disse que as autoridades locais e estaduais que decidiram promover as "cidades santuário" deveriam ser julgadas através do Código Penal Federal.

Além disso, se mostrou partidário de suspender o financiamento federal àqueles governos locais que não colaborassem com as autoridades migratórias federais.

"Homan não deveria ocupar nenhum posto de autoridade no nosso governo; deve ser eliminado imediatamente", denunciou em comunicado o presidente do Fundo México-Americano de Defesa Legal e Educação (MALDEF), Thomas Saenz.

"Os comentários de Homan violam a Primeira, a Décima e a Décima Quartas Emendas da Constituição ao intimidar autoridades locais e estaduais que foram escolhidas pelos seus cidadãos", concluiu Saenz.

Por sua vez, a diretora legal adjunta da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), Cecilia Wang, lembrou que "vários tribunais" opinaram que a Constituição "proíbe os esforços do governo Trump de intimidar estados e localidades que legislam para proteger os imigrantes ilegais da deportação".

"As declarações de Homan reforçam as táticas de intimidação do governo de Trump contra aqueles que se pronunciaram contra as políticas extremistas de seu governo", ressaltou Wang. EFE