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Arábia Saudita diz que não quer guerra, mas que não fugirá de ameaça

15/06/2019 21h52

Yeda, 16 jun (EFE).- O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, afirmou que seu país não quer guerra mas que também não vai fugir de encarar qualquer ameaça, em referência ao conflito que mantém com o Irã, ao qual acusa de atacar dois petroleiros no mar de Omã na quinta-feira passada.

Em entrevista ao jornal saudita "Asharq al Awsat" distribuída pela "Arab News" neste domingo (data local), o príncipe herdeiro pediu uma posição internacional contra a República Islâmica, cujas autoridades, no entanto, negaram seu envolvimento e responsabilizaram no sábado os Estados Unidos e seus aliados na região pela crescente instabilidade.

Os ataques tiveram como alvo dois navios-tanque com 44 pessoas a bordo, um norueguês e outro japonês, que sofreram na quinta-feira impactos e explosões quando saíam do estreito de Ormuz, a cerca de 30 milhas do litoral do Irã.

A tripulação de um dos navios foi resgatada por uma embarcação iraniana e, a do outro, pelo comando da Quinta Frota dos EUA, com base no Bahrein.

O príncipe Bin Salman disse na entrevista que o regime de Teerã nem sequer respeitou a presença do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, nessa capital.

Para o Irã, é "suspeito" o fato de os ataques acontecerem no estratégico estreito de Ormuz justamente quando o primeiro-ministro japonês encontrava-se de visita ao país.

A República Islâmica também foi acusada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na sexta-feira pelo ataque contra os petroleiros.

O herdeiro ao trono saudita disse, por outro lado, que seu país vai continuar apoiando o Sudão e só deseja coisas boas para o Iêmen, mas alertou que a Arábia Saudita nunca aceitará ter uma milícia ao serviço da agenda iraniana na sua fronteira.

Ele se referiu assim aos rebeldes xiitas houthis, os quais a Arábia Saudita acusa de serem tutelados pelo Irã e que aumentaram suas operações a partir do Iêmen contra o território saudita nas últimas semanas.

O Governo saudita lidera uma coalizão que intervém militarmente desde 2015 no Iêmen a favor do Governo reconhecido internacionalmente do presidente Abdo Rabu Mansour Hadi e contra os houthis, que controlam a capital Sana.

O príncipe Bin Salman se referiu também na entrevista ao assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi como um "crime muito doloroso", acrescentando que seu país pretende conseguir plena justiça e prestação de contas. EFE