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Pequim apoia autoridades de Hong Kong e critica "hipocrisia" de protestos

17/06/2019 01h13

Pequim, 17 jun (EFE).- Pequim mostrou nesta segunda-feira seu apoio à chefe de Governo de Hong Kong, Carrie Lam, após os protestos contra o projeto de lei de extradição, que a imprensa oficial do regime classifica de "violência popular" derivada de "intervenções maliciosas de governos estrangeiros".

Em um editorial, o jornal estatal "China Daily" afirma que o apoio do Governo central a Lam "não fraquejará" apesar do crescente clamor dos manifestantes, que exigem sua renúncia depois da suspensão - se não retirada - do polêmico plano legislativo.

Nessa mesma linha se expressou Tam yiu-chung, deputado de Hong Kong na Assembleia Nacional Popular - o Legislativo nacional chinês -, que participou de uma reunião com mais de 200 políticos locais, parlamentares nacionais e funcionários do Escritório de Enlace - órgão oficial que representa Pequim em Hong Kong -, que lhe transmitiram que o regime "apoia, respeita e entende" a decisão de Lam.

Segundo o relato de Tam, o diretor do Escritório, Wang Zhimin, afirmou que o projeto de lei de extradição é "pelo bem dos de Hong Kong", mas que o processo legislativo "sofreu constantes interferências e foi vilipendiado por forças estrangeiras".

De fato, o artigo do "China Daily" afirma que a "violência" foi "instigada por aqueles que não velam pelos interesses" de Hong Kong, e lembra que a número um do Governo da ex-colônia é "a responsável última para que se aplique o 'um país, dois sistemas'", princípio que permite autonomia em campos como a lei.

O jornal nacionalista "Global Times" também vê relação entre os protestos e os assuntos exteriores da China, e publicou ontem à noite um artigo no qual adverte os Estados Unidos de que não deve utilizar a situação em Hong Kong como carta nas negociações para resolver a guerra comercial travada contra o gigante asiático.

Apesar de as autoridades de Hong Kong suspenderem as emendas à lei de extradição após os grandes protestos, não conseguiram aplacar os manifestantes, que exigiam a retirada total do projeto e que voltaram a encher ontem as ruas da cidade para defender seus direitos e liberdades e exigir a renúncia de Lam.

Mais de um milhão de pessoas voltaram a se reunir ontem; os organizadores falam que o número foi de "quase dois milhões de pessoas" e a Polícia, 338 mil. EFE