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Governo social-democrata da Romênia sobrevive à nova moção de censura

18/06/2019 14h22

Bucareste, 18 jun (EFE).- O governo social-democrata da Romênia sobreviveu nesta terça-feira à terceira moção de censura desde que a atual primeira-ministra, Viorica Dancila, assumiu o poder em janeiro de 2018, já que o texto não recebeu apoio da maioria simples de 233 deputados e senadores necessários para que seguisse adiante.

Ao todo, 200 parlamentares votaram a favor da moção, que recebeu sete votos contra.

O governante Partido Social Democrata (PSD) e os seus parceiros minoritários liberais foram ao plenário, mas não votaram, evitando que qualquer um dos seus parlamentares aproveitasse o voto secreto para apoiar a moção.

A maioria governamental soma 239 das 465 cadeiras das duas câmaras do parlamento, razão pela qual o voto a favor da moção de deputados ou senadores que apoiam o governo era imprescindível para derrubar os social-democratas.

A moção tinha sido apresentada pelo Partido Nacional Liberal (PNL), a legenda de centro-direita que a oposição lidera. Nela, o governo é acusado de minar a luta contra a corrupção desde que chegou ao poder, em janeiro de 2017.

A também opositora Aliança 2020 USR, a União Democrática dos Húngaros da Romênia e outros partidos minoritários também votaram a favor do texto.

A primeira-ministra criticou os organizadores da moção por não apresentarem um programa de governo e defendeu o crescimento econômico e os aumentos de salários e das pensões do seu governo.

"Não vi medidas benéficas para os romenos e nenhuma ideia concreta sobre o funcionamento da economia que seja do interesse dos cidadãos", disse Dancila no parlamento, evitando se referir às polêmicas reformas judiciais do seu governo durante o discurso.

Dancila acusou a oposição de querer "reduzir e cortar" salários, pensões e ajudas sociais, depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) advertiram sobre a alta do déficit público na Romênia devido ao aumento dos gastos públicos.

Esta moção de censura foi anunciada logo depois das eleições europeias, nas quais o PNL venceu o PSD, que teve seu apoio reduzido à metade. No mesmo dia, 26 de maio, o governo sofreu outra derrota, quando o "sim" ganhou em um referendo não vinculativo que pedia a anulação das reformas judiciais no quesito anticorrupção.

No dia seguinte, um tribunal confirmou uma pena de prisão de três anos e seis meses por um crime de corrupção contra o presidente do PSD e verdadeiro homem forte do governo, Liviu Dragnea, um dos políticos que poderia se beneficiar dessas reformas judiciais.

A reforma do Judiciário deixou de ser prioridade do PSD quando Dragnea foi preso. Desde que Dancila tomou o controle do partido, no mês passado, os social-democratas voltaram o discurso ao crescimento econômico e ao aumento de salários em sua gestão.

Nos últimos meses, a União Europeia e os Estados Unidos criticaram duramente o governo romeno pelos seus supostos ataques ao Estado de Direito.

A Romênia deve realizar eleições presidenciais no final deste ano. Já os pleitos legislativos estão programados para o final de 2020. EFE