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Líder estudantil pede mais manifestações em Hong Kong contra polêmica lei

18/06/2019 12h09

Hong Kong, 18 jun (EFE).- O líder estudantil de Hong Kong, Joshua Wong, pediu nesta terça-feira, um dia depois de ser solto, que os cidadãos continuem se manifestando após as desculpas oferecidas pela chefe do governo, Carrie Lam, que não desistiu do polêmico projeto de lei de extradição.

Em entrevista coletiva na frente da sede do governo da ex-colônia britânica, Wong pediu a renúncia de Lam, que foi criticada após dizer um "sinto muito" quando questionada sobre a maior manifestação da história de Hong Kong.

"Não importa o quanto Xi (Jiping, presidente da China) ou Lam ignorem o pedido do povo, ocorrerão mais e mais manifestações, especialmente por causa do G20 e do 1º de julho", disse o líder estudantil, em referência à data do aniversário da transferência da soberania britânica do território para a China.

A expectativa é que, durante a Cúpula do G20, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reúna com Xi para tentar buscar uma solução para a guerra comercial travada há meses pelas duas principais economias do mundo.

A ocorrência de grandes manifestações em Hong Kong coincidindo com a reunião de ambos os líderes provavelmente não seria do agrado da China.

Wong, que passou um mês na prisão dos três aos quais foi condenado pela participação na chamada "Revolução dos Guarda-Chuvas", considerou que "é hora de mostrar a Lam o que é respeito aos manifestantes".

O ativista reivindicou sua renúncia, embora tenha dito que "dá na mesma quem ponham no seu lugar porque será uma marionete de Pequim", e ressaltou que o que querem "são eleições livres" para poder escolher diretamente o governo local.

A chefe do governo ofereceu hoje suas "mais sinceras desculpas" aos cidadãos, mas não retirou definitivamente o polêmico projeto de lei de extradição que provocou grandes protestos nos últimos dias.

"As pessoas expressaram de maneira pacífica o que querem e escutei alto e claro. Escutei com muita atenção e me fizeram ver que tenho muito a fazer, especialmente escutar mais", declarou Lam.

No entanto, não retirou definitivamente o projeto de lei de extradição, como reivindicam os manifestantes e, com relação à renúncia, pediu aos cidadãos de Hong Kong que lhe deem "outra chance" para que seu governo possa "reconstruir a confiança".

O polêmico projeto de lei esbarrou na oposição de diversos setores da sociedade que consideram que permitiria que ativistas e jornalistas fossem entregues à China, cujo sistema judicial alegam não oferecer suficientes garantias. EFE