China vai à ONU defender reclusões forçadas em Xinjiang e convida Bachelet
Genebra, 25 jun (EFE).- A China defendeu nesta terça-feira diante do Conselho de Direitos Humanos da ONU o controverso confinamento de centenas de milhares de pessoas na região de Xinjiang, que justificou como luta contra o jihadismo, e convidou a alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, a visitar a região.
"Convidamos sinceramente a alta comissária e representantes do Conselho de Direitos Humanos a realizar visitas de trabalho a Xinjiang para conhecer, de verdade, uma região bela e hospitaleira", declarou o vice-governador regional, Erken Tuniyaz, da etnia muçulmana uigur, na abertura da sessão de hoje do Conselho.
O discurso do vice-governador gerou grande expectativa em Genebra, por ser a primeira vez que um alto cargo da China comparecia diante das Nações Unidas para dar explicações sobre a reclusão, segundo grupos de direitos humanos, de um milhão de uigures e outras pessoas de minorias muçulmanas em campos de reeducação de Xinjiang.
Tuniyaz argumentou que trata-se de "centros de formação vocacional" criados para "educar àqueles influenciados pelo extremismo religioso que cometeram pequenos crimes" a fim de evitar que "se transformassem em presas do terrorismo".
Xinjiang sofreu, segundo o vice-governador, desde os anos 90 e até 2016 a influência de "forças separatistas, terroristas e extremistas internas e externas que cometeram milhares de ataques violentos e provocaram muitas mortes de inocentes".
Desde a criação dos centros, "não houve nenhum ataque terrorista violento em Xinjiang e a disseminação do extremismo foi contida eficazmente", disse o vice-governador.
Frente a denúncias de ativistas de direitos humanos nas quais assegura que nestes centros estão reclusas famílias inteiras para que renunciem ao islã, Tuniyaz afirmou que neles suas crenças são respeitadas e que "podem retornar às suas casas de forma regular e solicitar se ausentar deles quando necessário".
Também acusou "determinados governos, ONG e meios de comunicação de ignorar o progresso de Xinjiang e criticar maliciosamente as medidas contra o terrorismo inventando histórias e fabricando notícias falsas".
Algumas dessas informações críticas apontam que a China está criando, com ajuda de altas tecnologias tais como reconhecimento facial e "big data", uma rede de segurança que invade a privacidade e afeta a vida cotidiana de uigures e outras minorias.
Tuniyaz admitiu o uso de tecnologias como a análise de grandes quantidades de dados para combater o crime, mas ressaltou que estas medidas "não estão dirigidas especificamente contra nenhuma religião ou grupo étnico".
Na véspera do discurso do vice-governador, ativistas uigures se manifestaram nas imediações da sede europeia das Nações Unidas em Genebra para denunciar os maciços confinamentos em Xinjiang, mostrando fotos de centenas de familiares e amigos desaparecidos pelas controversas políticas de Pequim.
Os manifestantes cantaram palavras de ordem como "China terrorista", "fechem os campos de concentração" e classificaram o presidente da China Xi Jinping de "fascista", levando a bandeira azul e branca do Turquestão Ocidental, o estado independente reivindicado pelos grupos uigures no exílio na região que hoje é ocupada por Xinjiang. EFE
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