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Autor de tiroteio em Utrecht atuou motivado por "humilhações" ao islã

01/07/2019 12h48

Haia, 1 jul (EFE).- O cidadão turco Gökmen Tanis, detido pelo tiroteio ocorrido em março na cidade de Utrecht, na Holanda, que deixou quatro mortos, reconheceu nesta segunda-feira ter agido por vingança pelas "humilhações" ao profeta e ao Corão, as "piadas com a fé" e o "massacre" de muçulmanos no Oriente Médio.

Em declarações diante do juiz, e após ser forçado a comparecer ao tribunal apesar da sua reiterada rejeição, Tanis, de 37 anos, explicou que se recusa a cooperar com a Justiça porque ele "não é um democrata, nem reconhece a legitimidade da corte" e lamentou que os promotores "continuem fazendo perguntas, embora já tenha deixado claro várias vezes".

Segundo o acusado, "o profeta Maomé está sendo humilhado com caricaturas, o Corão está sendo escrito no corpo de mulheres nuas e estão fazendo um filme sobre isso. E os soldados holandeses estão matando os muçulmanos na Líbia, na Síria, na Chechênia, no Afeganistão, em todas as partes".

Os supostos insultos ao islã e a suposta violência ocidental contra os muçulmanos foram os motivos de Tanis para atirar em várias pessoas em um bonde em Utrecht no último dia 18 de março, matando quatro pessoas.

"Não permito que ninguém zombe da nossa fé. Vocês realmente acreditavam que não faríamos nada como vingança?", disse.

Para o atirador, a Europa está "mantendo as fronteiras fechadas para afogar melhor os muçulmanos na água" e, perguntado pelo juiz sobre se essa era uma razão para matar holandeses inocentes, o acusado respondeu: "E quem são vocês para matar os muçulmanos?".

Tanis, que entrou algemado na sala do tribunal, teve um comportamento "infeliz e indesejável" ao se recusar a cooperar com a Justiça, segundo o juiz, que exigiu que escolha um advogado, dadas as "fortes suspeitas" sobre ele.

"Não há suspeitas, já confessei", respondeu o detido.

Entre as declarações diante do juiz e confissões anteriores de Tanis lidas hoje pelo magistrado, a promotoria holandesa conclui que tem cada vez mais provas para crer que ele tinha motivações terroristas, embora ainda não o acuse formalmente disso, à espera das conclusões do exame psiquiátrico ao qual será submetido.

Segundo o promotor, Tanis era conhecido como "uma pessoa difícil, que consome drogas, um criminoso que não queria receber ajuda, mas não havia nenhuma razão para vigiá-lo mais de perto nem nada que indicasse que o suspeito pudesse ser culpado das acusações que pesam hoje sobre ele".

À espera do fim das investigações policiais do caso, a grande pergunta da Justiça é se Tanis é um terrorista motivado por uma ideologia ou se sua atuação também foi influenciada por um possível transtorno psicológico. EFE