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Casa de esposa de ex-presidente do Peru é revistada dentro do caso Odebrecht

13.jul.17 - O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, e a então primeira-dama, Nadine Heredia - Guadalupe Pardo/Reuters
13.jul.17 - O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, e a então primeira-dama, Nadine Heredia Imagem: Guadalupe Pardo/Reuters

Lima

09/07/2019 12h13

O Ministério Público do Peru ordenou uma revista, hoje, na casa de Nadine Heredia, esposa do ex-presidente peruano Ollanta Humala, e em outros 26 imóveis e escritórios. A ordem está dentro de uma investigação por supostos atos de corrupção cometidos na concessão de obras do Gasoduto do Sul à Odebrecht.

A revista começou na parte da manhã e é realizada pela equipe da procuradora Geovanna Mori, encarregada de investigar as ramificações do caso Lava Jato no Peru, que solicitou e obteve a autorização do Segundo Tribunal de Investigação especializado em Crimes de Corrupção de Funcionários.

"Foi estabelecido que a finalidade da medida requerida é encontrar bens e/ou informação que sejam de interesse para a investigação, (...), agendas (anotações) e-mails, mensagem, vídeos, áudios, telefones celulares e qualquer outro meio audiovisual ou documento físico e/ou informático que credencie algum tipo de coordenação entre os investigados", indica a resolução, segundo detalhou o jornal El Comercio.

Wifredo Pedraza, advogado de Heredia, afirmou em declarações à imprensa peruana que trata-se de uma ação "arbitrária", fruto da "pressão midiática" contra Humala e sua mulher, além de acrescentar que até o momento não foram revelados "os elementos" que levaram o juiz a aprovar esta medida.

Esta operação de revista acontece depois que no final de junho foi publicada uma série de documentos internos da Odebrecht que revelava o suposto pagamento irregular de US$ 3 milhões relacionados com o Gasoduto do Sul, que foi licitado durante o governo de Humala.

A documentação registra até 17 pagamentos vinculados com a licitação, em obras nas quais a Odebrecht, que no último mês de fevereiro assinou um convênio de parceria com o Ministério Público do Peru, não tinha reconhecido atos de corrupção.

A concessão do Gasoduto do Sul ultrapassou os US$ 7 bilhões em junho de 2014, em uma licitação que originou investigações fiscais pelos supostos crimes de conluio e negociação incompatível por parte de Nadine Heredia.

Esta investigação é paralela ao caso que se segue contra Humala e Heredia por vários crimes relacionados com lavagem de dinheiro, para os quais o Ministério Público pediu 20 anos de prisão a Humala e 26 anos e meio para Heredia.

O casal, segundo a procuradoria, teria recebido e escondido dinheiro irregular de Odebrecht e do governo da Venezuela para financiar suas campanhas eleitorais de 2006 e 2011.

A construtora brasileira confessou ter pagado US$ 3 milhões para a campanha de Humala, dos quais US$ 1 milhão foi recebido pessoalmente por Heredia.

O ex-governante e sua esposa cumpriram até abril do ano passado nove meses de prisão preventiva por este caso, até que uma resolução do Tribunal Constitucional ordenou sua libertação ao revogar a detenção.