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Odebrecht admite ao MP do Peru que pagou propina em projeto de gasoduto

09/07/2019 22h52

Lima, 09 jul (EFE).- A construtora brasileira Odebrecht reconheceu que fez pagamentos ilícitos para vencer a concessão para a construção do Gasoduto Sul, maior projeto de infraestrutura da história do Peru, durante o governo do ex-presidente Ollanta Humala, que governou o país entre 2011 e 2016.

O coordenador da equipe especial da Lava Jato do Ministério Público do Peru, Rafael Vela, disse nesta terça-feira a jornalistas que o órgão possui, como parte do acordo de delação premiada firmado com a empresa, uma ata assinada na qual a Odebrecht reconhece que houve pagamentos ilícitos na licitação do projeto do Gasoduto do Sul.

"Dentro do processo de colaboração, já temos uma ata assinada sobre o caso, na qual há um reconhecimento sobre pagamentos ilícitos por parte da empresa Odebrecht, o que determina, para nós, a culpabilidade", disse o promotor.

"Qualquer outra especulação que possa ocorrer, em nível informativo, carece de veracidade porque temos uma ata assinada", completou o coordenador da Lava Jato no Peru.

Vela afirmou que o acordo de colaboração entre a Odebrecht e o Ministério Público do Peru permite a possibilidade de incorporar novos fatos às investigações.

"É sempre um tema de caráter voluntário, a partir do reconhecimento do colaborador, porque não se pode obrigar a ninguém a assumir responsabilidade penal", disse o promotor.

A concessão do Gasoduto Sul ultrapassou os US$ 7 bilhões em junho de 2014, em uma licitação que originou investigações fiscais pelos supostos crimes de conluio e corrupção por parte de Nadine Heredia, esposa de Humala.

A investigação é paralela ao caso que se segue contra Humala e Heredia por vários crimes relacionados com lavagem de dinheiro, para os quais o Ministério Público pediu 20 anos de prisão a Humala e 26 anos e meio para Heredia.

O casal, segundo os promotores, teria recebido e escondido dinheiro irregular de Odebrecht e do governo da Venezuela para financiar suas campanhas eleitorais de 2006 e 2011.

A construtora brasileira confessou ter pagado US$ 3 milhões para a campanha de Humala, dos quais US$ 1 milhão foi recebido pessoalmente por Heredia.

O Ministério Público do Peru comandou uma operação de busca e apreensão em 27 imóveis pertencentes a Heredia nesta terça-feira.

Vela, no entanto, estava em Curitiba para uma nova rodada de depoimentos de José Aldemário Pinheiro Filho, mais conhecido como Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, que também teria pagado propina para vencer licitações de obras no Peru.

"Pinheiro falou durante muitas horas. Temos muitas informações que foram incorporadas às atas que serão objeto de processo", disse Vela. EFE