Crise da Venezuela domina debate político na cúpula do Mercosul
Santa Fé (Argentina), 17 jul (EFE).- A crise enfrentada pela Venezuela dominou o debate político entre os presidentes que participam nesta quarta-feira da cúpula semestral do Mercosul, realizada na cidade de Santa Fé, na Argentina.
"Quero expressar mais uma vez a minha solidariedade ao povo venezuelano, que sofre com uma crise humanitária sem precedentes na região", disse o presidente da Argentina, Mauricio Macri, anfitrião da cúpula.
Macri pediu ao líder do regime chavista, Nicolás Maduro, que pare de obstruir o processo de transição democrática organizado pelo chefe do parlamento do país, Juan Guaidó, e o fim das contínuas violações aos direitos humanos dos venezuelanos.
Já o presidente Jair Bolsonaro, que também participa do encontro, disse que a crise da Venezuela surgiu a partir do populismo, da irresponsabilidade e de um projeto de país que não teve limites.
"Não gostamos do que infelizmente está ocorrendo na Venezuela. Pedimos a Deus que nos dê força e inteligência, e que o destino da Venezuela seja o mesmo que nós temos, ou seja, democracia, liberdade e prosperidade", afirmou Bolsonaro.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que acompanha Brasil e Argentina no reconhecimento de Guaidó como presidente interino da Venezuela, lembrou que um dos pilares fundamentais do Mercosul é a "concertação política".
"Isso deve se traduzir em mecanismos que garantam a vigência plena do estado de direito e da democracia. Nossa solidariedade a essa grande Venezuela. Estou otimista que, em pouco tempo, o povo venezuelano protagonizará a volta da democracia à esta grande nação irmã", comentou Abdo Benítez.
Também participam da cúpula os presidentes do Uruguai, Tabaré Vázquez, da Bolívia, Evo Morales, e do Chile, Sebastián Piñera, que não citaram a crise venezuelana nos discursos que fizeram hoje em Santa Fé. Só o Uruguai é membro pleno do Mercosul. O Chile tem status de país associado, e a Bolívia discute com o bloco uma futura adesão.
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, antecipou ontem que o Mercosul divulgaria uma declaração conjunta sobre a situação da Venezuela.
Em agosto de 2017, o Mercosul suspendeu a Venezuela do bloco por considerar que houve uma "ruptura da ordem democrática" por parte do governo de Nicolás Maduro. Apesar do consenso na decisão, o Uruguai discorda das posturas adotadas pelos outros três países desde então e não reconhece Guaidó como presidente interino do país.
Para tentar promover um diálogo político na Venezuela, o Uruguai montou junto com o México e a Comunidade do Caribe (Caricom) o chamado "Mecanismo de Montevidéu", que adota um tom mais brando que o do Grupo de Lima, integrado por 14 países da região, entre eles Brasil, Argentina e Paraguai. EFE
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