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Mais de 40 milhões de pessoas no mundo são vítimas de escravidão moderna, diz ONG

Relatório da ONG Walk Free Fundation mostra que nenhum país "está isento" dos crimes de trabalho análogo à escravidão - Mario Tama/Getty Images/AFP
Relatório da ONG Walk Free Fundation mostra que nenhum país "está isento" dos crimes de trabalho análogo à escravidão Imagem: Mario Tama/Getty Images/AFP

17/07/2019 16h26

Um relatório publicado nesta quarta-feira pela ONG Walk Free Fundation afirma que 40,3 milhões de pessoas são vítimas da escravidão moderna no mundo e que nenhum país "está isento" deste crime, cuja erradicação está incluída na Agenda 2030 da ONU.

O presidente da ONG, o australiano Andrew Forrest, pediu que "todos os governos tomem medidas imediatas e de maneira efetiva para acabar com o trabalho forçado, a escravidão moderna, o tráfico de pessoas e o trabalho infantil em todas as suas formas".

Além disso, Forrest advertiu que, de acordo com os dados coletados no índice, o objetivo de erradicar a escravidão moderna (o artigo 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU) não será conseguido em 2030.

"Se o mundo quer acabar de verdade com a escravidão de 40,3 milhões de pessoas, os governos precisarão redobrar seus esforços para identificar vítimas e deter os responsáveis", diz o relatório divulgado na reunião de alto nível da ONU sobre as metas de desenvolvimento para 2030.

O estudo indica que aproximadamente metade dos 183 países observados melhorou suas respostas, enquanto os demais não mostraram nenhuma mudança significativa na luta contra esse crime.

"Sabemos que para erradicar um crime que afeta 40 milhões de pessoas no mundo todo as ações dos governos e a colaboração para conseguir a meta 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são cruciais" disse o diretor da fundação Freedom, Nick Grono.

Nesse sentido, o índice destaca que somente 31 países ratificaram o Protocolo de 2014 relativo ao convênio sobre o trabalho forçado, que 96 não criminalizam esse tipo de atividade, além de 133 que não penalizam o casamento forçado.

Por outro lado, o relatório adverte que, apesar da formação recebida pelos efetivos de segurança de 166 países sobre essa questão, "os índices de identificação (das vítimas) continuam sendo muito baixos".

Além disso, os sobreviventes de escravidão não contam com serviços de apoio em 95 desses Estados, e as vítimas enfrentam acusações penais em 71 países pelos crimes realizados enquanto eram explorados.

Por outro lado, o relatório destaca o trabalho positivo de dez países pela "forte vontade política, o alto nível de recursos e a enérgica sociedade civil que exige prestação de contas de seus governos".

Essa lista é liderada por Reino Unido, Holanda e Estados Unidos, e também inclui países como Espanha, Portugal, Argentina e Austrália.

Do outro lado da balança, Coreia do Norte, Eritreia, Líbia, Irã e Guiné Equatorial lideram o grupo dos dez países que menos tomaram ações para combater a escravidão moderna.

Atrás deles estão Burundi, República Democrática do Congo, República do Congo, Rússia e Somália, que se destacam por sua falta de medidas contra esse crime.

Segundo o índice, esses dez Estados abrigam aproximadamente 6,9 milhões de escravos modernos, aproximadamente 17% do total, e a ONG os acusa de cumplicidade no caso da Coreia do Norte e da Eritreia, de pouco interesse político no Irã, altos níveis de corrupção em Guiné Equatorial e, no caso da Líbia, o longo período de conflito.

A ONG também publicou uma lista denominada "resposta fraca em relação à riqueza do país", que é liderada pelo Catar, seguido de Singapura, Kuwait, Brunei, Hong Kong e Rússia, e uma relação que reúne os Estados que deram uma "forte resposta relativa à sua riqueza" que é integrada por Geórgia, Nigéria, Ucrânia, Moldávia, Etiópia e Moçambique.

Em 2015, a ONU estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com metas a serem cumpridas até o ano de 2030. O objetivo de número 8 procura "promover o crescimento econômico constante, inclusivo e sustentável; o pleno emprego e o trabalho produtivo e decente para todos". EFE