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Juiz dos EUA nega fiança e mantém Epstein na prisão por risco de fuga

18/07/2019 14h23

Nova York, 18 jul (EFE).- Um juiz federal de Nova York recusou nesta quinta-feira, por risco de fuga e pela sua periculosidade, o pedido de liberdade sob fiança do milionário Jeffrey Epstein, que pretendia esperar o início do seu julgamento por tráfico sexual de menores em sua casa de Manhattan.

O magistrado Richard Berman explicou durante a audiência oral realizada hoje que o risco de fuga de Epstein impossibilita seu pedido para esperar o julgamento em sua casa do exclusivo bairro de Upper East Side, alegando também que o milionário representa um potencial perigo para o público se sair de prisão.

"Acredito que a promotoria demonstrou um perigo para outros e a comunidade com provas claras e convincentes", declarou o juiz, que também disse duvidar que "uma fiança possa superar um risco para a comunidade".

Para sustentar sua afirmação, Berman pôs sobre a mesa o testemunho de duas das vítimas - Annie Farmer e Courtney Wild - que na segunda-feira passada falaram durante a audiência oral para decidir sobre a fiança de Epstein, uma resolução que o juiz acabou adiando para o dia de hoje.

"Tinha 16 anos quando tive a desgraça de conhecer Epstein. Ele foi inadequado comigo. Foi inadequado comigo em duas ocasiões", afirmou Annie Farmer, que estava a poucos passos do acusado na sala do tribunal e que disse que preferia não entrar em detalhes.

O juiz destacou que também levou em conta "a grande riqueza e os muitos recursos" de Epstein, como um avião privado e residências em Paris e Arábia Saudita.

Outros motivos do juiz para rejeitar o pedido foram a posse de fotos sexualmente explícitas e um passaporte austríaco vencido com a foto de Epstein, mas não com seu nome, que foi utilizado na década de 1980 para várias viagens para a Arábia Saudita.

Berman destacou, além disso, que Epstein teria subornado recentemente testemunhas que poderiam complicar sua situação e que o milionário não tinha cumprido os requerimentos para agressores sexuais registrados.

A promotoria tinha se manifestado contra o pedido de prisão domiciliar de Epstein na sua mansão do bairro nova-iorquino, resguardado por sua equipe privada de segurança, alegando que buscava um tratamento especial em uma "jaula de ouro".

Por sua parte, Martin Weinberg, advogado de Epstein, tinha assegurado que seu cliente estava disposto a pagar a quantia que a corte determinasse, inclusive até US$ 100 milhões, embora tenha ressaltado que não é tão rico como se diz.

O milionário, que pode ser condenado a até 45 anos de prisão, tinha oferecido como garantia sua mansão no Upper East Side, assim como seu avião particular.

No entanto, seguirá em uma prisão federal de Manhattan, uma das mais seguras do país, onde se encontra desde o último dia 6 de julho, quando lhe detiveram ao aterrissar seu avião no estado vizinho de Nova Jersey.

Epstein foi acusado de tráfico sexual de menores pela promotoria do Distrito Sul, que alega que o milionário criou uma rede para abusar de dezenas de meninas em sua mansão de Nova York, assim como em outra situada na Flórida, há mais de uma década.

O magnata já enfrentou acusações similares na Flórida, mas em 2008 alcançou um acordo extraoficial com a promotoria para encerrar a investigação, que poderia tê-lo condenado à prisão perpétua, e só cumpriu 13 meses de detenção e fechou um acordo econômico com as vítimas.

O acordo foi supervisionado pelo então promotor de Miami, Alexander Acosta, que foi nomeado posteriormente secretário de Trabalho do governo de Donald Trump, e que se viu obrigado a renunciar em meio às críticas suscitadas depois que Epstein foi detido pela segunda vez. EFE