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Putin entra de cabeça nas eleições ucranianas ao receber político pró-Rússia

18/07/2019 13h42

Moscou, 18 jul (EFE).- O presidente russo, Vladimir Putin, entrou de cabeça nas eleições legislativas ucranianas do próximo domingo ao receber nesta quinta-feira o político pró-Rússia Víctor Medvedchuk, que lhe informou da reação do Parlamento Europeu ao seu plano de paz para a região do Donbass.

"Cooperaremos com qualquer força política, inclusive a sua, para o restabelecimento de relações plenas entre a Rússia e a Ucrânia", disse Putin durante a reunião com Medvedchuk, realizada em São Petersburgo.

Putin, que há uma semana teve seu primeiro contato telefônico com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, ressaltou que esse restabelecimento é "extremamente importante" para o Kremlin.

Medvedchuk, cujo partido, Plataforma Opositora pela Vida, ocupa o segundo lugar nas intenções de voto, atrás da legenda liderada por Zelenski, se congratulou pela reação "positiva" dos eurodeputados ao seu plano, que se baseia nos Acordos de Minsk.

"Os deputados do Parlamento Europeu escutaram ontem o ponto de vista de outra parte da Ucrânia, do partido da paz, de como é preciso atuar para que se instaure realmente a paz", comentou.

Nesse sentido, destacou que com a derrota do presidente anterior, Petro Poroshenko, acabou "o monopólio do partido da guerra" e que o objetivo do seu plano de paz é, antes de mais nada, convencer as pessoas a voltarem ao Donbass.

A esse respeito, Putin classificou de "muito positiva" a reação da Eurocâmara, mas insistiu que nenhum conflito no mundo pode ser regulado sem negociações diretas entre os dois lados.

"A plena regulação no Donbass é possível exclusivamente no caso de um contato direto entre as autoridades de Kiev e os representantes dessas repúblicas (populares de Donetsk e Lugansk)", afirmou.

Medvedchuk, que tem uma estreita relação com Putin, que é padrinho de uma das suas filhas, destacou que muitos ucranianos receberam com esperança a recente conversa entre os presidentes russo e ucraniano.

O político ucraniano indicou que a maioria da população da Ucrânia apoia tanto as negociações diretas entre Putin e Zelenski, como entre este e os dirigentes separatistas.

No último mês de abril, Medvedchuk afirmou à Efe que seu plano contempla a concessão de altas cotas de autonomia às zonas controladas pelos separatistas, que disporiam de órgãos de autogoverno, a declaração de uma anistia e a criação de uma polícia autônoma em tais territórios.

"O meu plano é uma proposta concreta que pode parar a guerra. Se for aplicado, o Donbass seria em poucos anos um território ao qual as pessoas quereriam voltar e viver. Kiev deve dar o primeiro passo para recuperar a confiança dos moradores do Donbass. Se a Ucrânia recorrer à força, a Rússia adotará uma postura muito firme em defesa das repúblicas não reconhecidas", destacou então. EFE