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Darth Vader volta ao ataque nas eleições parlamentares da Ucrânia

19/07/2019 10h02

Nadjejda Vicente e Àlex Bustos.

Kiev, 19 jul (EFE).- Depois de eleger o comediante Vladimir Zelenski para presidente, os ucranianos poderão votar nas eleições legislativas do próximo domingo em candidatos ainda mais exóticos, uma lista que inclui famosos personagens de cinema e "clones" de importantes figuras políticas, característica que tem sido uma marca dos últimos pleitos no país.

Nascido em Kiev e morador de Odessa, no sudoeste do país, Darth Viktorovich Vader é líder do bloco dos Darth Vaders, que reúne vários candidatos com o nome do personagem. Com 32 anos, Viktorovich é diretor de uma empresa batizada como "The Dark Side of the Force" (O Lado Negro da Força).

Os dados constam no site da Comissão Eleitoral Central da Ucrânia, que agora revelou a foto do postulante a deputado. Darth Viktorovich Vader é um homem loiro, de olhos azuis, obviamente nada parecido com o mais famoso personagem da saga "Star Wars".

Esta não é a primeira vez que figuras saídas do universo criado por George Lucas figuram nas cédulas de uma eleição ucraniana. No pleito municipal de Odessa em 2015, eram 44 os "Darth Vaders" inscritos para participar a disputa, acompanhados de um mestre Yoda.

Nas eleições parlamentares de um ano antes ainda havia uma "Amidala", uma homenagem à rainha Padmé Amidala, interpretada no cinema por Natalie Portman, e um "Chewbacca", em referência ao companheiro inseparável de Han Solo na saga galáctica.

A tentativa do bloco dos Darth Vader de se candidatar às eleições presidenciais de 2014 fracassou, mas eles conseguiram disputar no mesmo ano o pleito legislativo pelo Partido Ucraniano da Internet.

A força não os acompanhou nas urnas. Juntos, somaram apenas 0,36% do total de votos contabilizados pela Comissão Eleitoral Central.

Entre as propostas dos Vaders estão cursos de informática e de idiomas gratuitos, uma redução drástica dos impostos para atrair investimentos estrangeiros e a criação de um parlamento digital, gerenciado exclusivamente por computadores.

Darth Viktorovich Vader briga com outros candidatos exóticos, como o chamado "bloco dos sósias". Também tentam uma vaga na Rada Suprema, o parlamento da Ucrânia, um ex-presidente da Geórgia e um amigo próximo de Vladimir Putin.

Todos esperam roubar votos do partido de Zelenski, o Servidor do Povo, nome da série na qual o atual presidente interpretava um professor que era eleito para comandar o país.

A Plataforma Opositora, liderada por Yuri Boiko, político pró-Rússia, deve ser o segundo partido mais votado do pleito de domingo. O terceiro principal candidato da legenda é o empresário Viktor Medvedchuk, que tem Putin como padrinho de uma de suas filhas.

O Solidariedade Europeia, do ex-presidente Petro Poroshenko, e o Batkivschina, da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, também terão votos suficientes para estar na Rada, mas a surpresa parlamentar desta vez pode ser o Golos, de Sviatoslav Vakarchuk, líder da banda de rock Okean Elzy, um dos artistas mais queridos do país.

Quem corre por fora e tenta superar os 5% da cláusula de barreira para entrar na Rada Suprema é Mikhail Saakashvili, presidente da Geórgia entre 2004 e 2008, líder do Movimento de Novas Forças, e considerado foragido da Justiça em seu país após ter sido condenado à revelia a três anos de prisão em 2018 por abuso de poder.

Poroshenko concedeu a Saakashvilli a nacionalidade ucraniana, o que permitiu que o ex-presidente da Geórgia fosse governador da região de Odessa. No entanto, os dois acabaram se desentendendo. O ex-presidente ucraniano retirou a cidadania de Saakashvilli por acusá-lo de participar de uma tentativa de derrubar o governo.

Saakashvilli só pôde voltar à Ucrânia após a vitória de Zelenski.

Outra marca das eleições ucranianas tem sido os "clones", candidatos com nomes muito parecidos ou idênticos a de outras figuras políticas com o objetivo de confundir os eleitores.

Nos registros da Comissão Eleitoral Central constam, por exemplo, dois Timoshenkos, a ex-premiê Yulia Vladimirovna e Yuri Vladimirovich, cujas iniciais são idênticas.

Nas eleições presidenciais de março, vencidas por Zelenski, a ex-chefe de governo denunciou que havia outra pessoa com seu nome, acusando opositores de promoverem o "clone" para roubar votos. EFE