Topo

Primeiro-ministro do Kosovo renuncia após ser convocado por tribunal em Haia

19/07/2019 12h40

Belgrado/Pristina, 19 jul (EFE).- O primeiro-ministro do Kosovo, Ramush Haradinaj, apresentou nesta sexta-feira em Pristina sua renúncia, após ter sido convocado pelo Tribunal Especial de Crimes de Guerra no Kosovo na condição de suspeito.

"Apresento minha renúncia irrevogável do cargo de primeiro-ministro da República do Kosovo. O motivo é a convocação por parte das salas especializadas de Haia como suspeito", afirmou o ex-líder guerrilheiro em reunião de governo, segundo afirmou a edição digital do jornal "Koha Ditore".

A Justiça da Sérvia acusa Haradinaj de crimes supostamente cometidos como líder da guerrilha UCK contra a população civil servo-kosovar durante a guerra do Kosovo (1998/1999).

"Agora é responsabilidade do presidente começar as consultas para novas eleições. Voltarei a me apresentar para pedir a confiança do povo. Não estou sendo acusado, mas serei interrogado", disse Haradinaj, que tinha assumido a chefia do governo em 2017.

Nesse sentido, acrescentou que queria "separar sua situação de convocado pela Justiça da honra do Estado e de primeiro-ministro, porque não comparecerá diante do Tribunal o primeiro-ministro do Kosovo, o Estado do Kosovo, mas Ramush Haradinaj".

Por outra parte, o político de 51 anos assegurou que a tarifa de 100% sobre os produtos da Sérvia, imposta em novembro do ano passado pelo seu governo, continuará em vigência apesar de sua renúncia.

A suspensão da tarifa é a condição de Belgrado para reiniciar o diálogo de normalização entre as duas partes, apoiado pela União Europeia (UE), mas o Kosovo rejeitou até agora os pedidos do bloco europeu e dos Estados Unidos para que retirasse essas medidas.

Haradinaj, líder do partido Aliança para o Futuro do Kosovo (AAK), antigo comandante da guerrilha albano-kosovar UCK e chefe de governo entre 2004 e 2005, foi acusado em duas ocasiões de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia e absolvido em ambas, em 2008 e em 2012. EFE