Topo

Na Venezuela, Movimento dos Não Alinhados critica EUA e unilateralismo

20/07/2019 20h24

Caracas, 20 jul (EFE).- Os membros do Movimento de Países Não Alinhados criticam neste sábado os Estados Unidos e defenderam o multilateralismo na relação entre os países do mundo.

Durante a reunião ministerial do bloco, formado por 120 países, em Caracas, o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, atacou o governo de Donald Trump pelas "tentativas de derrubar" o chavismo.

Arreaza citou as "gravíssimas declarações" de Trump e outros funcionários da Casa Branca sobre uma possível "opção militar" para solucionar a crise social, política e econômica enfrentada pela Venezuela.

As críticas a Trump foram repetidas pelo ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, que acusou o presidente americano de liderar uma "onda aventureira unilateral" que ameaça a estabilidade mundial.

Para Zarif, a cooperação internacional está sendo afetada de uma forma "sem precedentes" pelas ações de Trump. O chanceler iraniano também lamentou que os EUA ameacem outros países com sanções unilaterais e com agressões militares.

Zarif acusou o governo dos EUA de tentar acabar com o acordo nuclear assinado pelo Irã e de violar resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Além disso, criticou o fato de que até países aliados aos que são alvos de sanções americanas estão sendo atacados por Trump.

No caso da Venezuela, o ministro iraniano considerou que os EUA promovem uma "intervenção grosseira" nos assuntos internos do país, com ações como " instigação de um golpe de Estado fracassado".

"O impulso canalha e unilateral dos EUA destrói as poucas bases para resolver o conflito da Palestina e põe em perigo a paz e a segurança do Oriente Médio", criticou o chanceler do Irã.

O ministro de Relações Exteriores da Palestina, Riad al Maliki, concordou com Zarif e fez um alerta sobre a ameaça representada pelo que chamou de "aliança racista" entre Estados Unidos e Israel.

"Israel e EUA estão travando uma guerra econômica e política, criminosa e ilegal, contra o povo da Palestina. Os sérios desafios enfrentados pelo povo palestino são sintomáticos de uma ameaça maior à paz e à segurança internacional", disse Maliki na reunião.

Para o chanceler palestino, Israel está "explorando uma oportunidade de ouro" dada pelos EUA, que consiste em "normalizar o comportamento ilegal e em pisotear o direito internacional e a soberania de outros países".

"Tudo isso enquanto gozam de um apoio incondicional de um governo americano que não oculta seu desprezo e hostilidade ao direito internacional, que toma passos decisivos para desafiar a carta das Nações Unidas no relativo a vários conflitos e países ao redor do mundo", criticou.

Já o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, afirmou que os EUA fracassarão mais uma vez na tentativa de destruir a revolução na ilha.

Para Rodríguez, as sanções econômicas e políticas do governo de Trump contra Cuba são o "principal obstáculo" para o desenvolvimento da ilha e constituem uma "violação flagrante" dos direitos humanos.

O chanceler cubano também falou sobre a situação da Venezuela e considerou que o "país irmão" tem sido alvo de "tentativas de golpes de Estado" e de "outros atos hostis" por parte dos americanos.

O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Riabkov, foi além e ressaltou que a legitimidade de Nicolás Maduro não pode ser questionada, uma crítica ao reconhecimento de Juan Guaidó como presidente do país por parte dos EUA e outros 50 países, entre eles o Brasil.

Além disso, o representante do Kremlin pediu que a crise na Venezuela seja resolvida sob uma ótica multipolar. EFE