Topo

Ministro do Tesouro do Quênia é detido por escândalo de corrupção

22/07/2019 09h42

Nairóbi, 22 jul (EFE).- O ministro do Tesouro do Quênia, Henry Rotich, foi detido nesta segunda-feira por estar envolvido em um escândalo de corrupção relacionado com a concessão da construção de duas represas a uma empresa italiana.

O procurador-geral do Quênia, Noordin Haji, foi o responsável por ordenar a detenção de Rotich, uma decisão muito incomum neste país contra um membro tão importante do governo, junto a outras 27 pessoas e entidades sob as acusações de conspiração para fraudar e abuso do poder.

Rotich, que no passado negou qualquer irregularidade, e seu secretário principal, Kamau Thugge, também entre os detidos, se entregaram de forma voluntária após a ordem de Haji.

O motivo da detenção do ministro é seu papel na concessão de um contrato multimilionário à companhia italiana CMC Ravenna para construir as represas de Arror e Kimwarer, no oeste do Quênia.

Em entrevista coletiva em Nairóbi, Haji explicou que seu escritório recebeu denúncias no ano passado sobre a gestão dos dois projetos e abriu uma investigação que concluiu que o processo estava repleto de "ilegalidades maciças".

"As investigações estabeleceram que funcionários do governo descumpriram todas as regras de contratação e abusaram do juramento de seus cargos para garantir que o plano fosse cumprido", ressaltou o procurador-geral.

O contrato original - segundo especificou - assinalava que o custo de ambas as represas seria de US$ 456 milhões, mas o Tesouro aumentou essa quantia em US$ 170 milhões "sem levar em conta o rendimento ou as obras".

Até janeiro deste ano, o governo do Quênia pagou US$ 197 milhões antecipadamente durante "o período de construção que, até o momento, não começou".

"Estou convencido de que foram cometidos crimes financeiros e, portanto, aprovei suas detenções", concluiu o procurador-geral em referência ao ministro do Tesouro e os demais presos.

Após a detenção de Rotich, a expectativa é que o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, nomeie um ministro do Tesouro interino.

O Quênia ocupou a 144ª posição entre 180 países no índice de percepção da corrupção de 2018 da organização Transparência Internacional (o primeiro país nessa classificação é o considerado como o menos corrupto). EFE