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Ataques de supostos rebeldes ugandenses na RDC deixam 12 mortos

23/07/2019 11h49

Kinshasa, 23 jul (EFE).- Pelo menos 12 pessoas morreram, entre elas duas crianças, em dois ataques de supostos rebeldes ugandenses das Forças Democráticas Aliadas (ADF) no leste da República Democrática do Congo (RDC), informaram nesta terça-feira ativistas da sociedade civil.

O primeiro ataque aconteceu na noite de segunda-feira na cidade de Oicha, 30 quilômetros ao norte da cidade de Beni, na província de Kivu do Norte, quando supostos combatentes das ADF abriram fogo contra uma aglomeração de pessoas.

"Quando chegamos ao local nesta manhã, encontramos nove corpos, entre eles os de duas crianças, inclusive o de um bebê de cerca de dois meses", detalhou o ativista da sociedade civil em Beni, Janvier Kasairyo, ao jornal congolês "Actualité".

Na mesma noite, outros três civis foram assassinados a tiros na cidade próxima de Eringeti, também no território do nordeste de Beni, onde a grande insegurança causada por dezenas de grupos armados se soma há um ano ao surto de ebola que já deixou cerca de 1.750 mortos.

As ADF iniciaram sua campanha violenta em 1996 no oeste de Uganda, como contestação política ao regime do presidente ugandense, Yoweri Museveni, mas a pressão militar forçou a retirada à fronteira com a RDC, de onde realizam incursões frequentes em Kivu do Norte, sobretudo para saques e conseguir mantimentos.

A agenda da organização não é muito conhecida, além de uma possível conexão com o Estado Islâmico (EI) e um repetido "modus operandi", ocultando-se e escapando das operações militares graças a uma geografia montanhosa.

Um relatório publicado no final de 2018 pelo Grupo de Investigação sobre o Congo (CRG), um projeto de pesquisa independente com sede na Universidade de Nova York, revelou que as ADF tinham conseguido financiamento do EI em novembro.

De fato, o EI já reivindicou pelo menos dois ataques letais nesta área da RDC que tinham sido, a princípio, atribuídos ao ADF, grupo que não costuma reivindicar suas ações.

Neste ano, só nesta província do nordeste congolês ocorreram mais de 300 ataques, nos quais morreram 723 pessoas (34 destas vinculadas às ADF), segundo a ferramenta de acompanhamento Kivu Security Tracker, gerenciada pelo CRG.

A RDC, e concretamente, a região do nordeste, está há anos imersa em um longo conflito alimentado pelas milícias rebeldes e pelos ataques de soldados do exército regular, tudo isso sob a supervisão da Missão de Paz da ONU no país. EFE