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Cuba refuta estudo que sugere alteração cerebral em diplomatas americanos

23/07/2019 21h46

Havana, 23 jul (EFE).- Cientistas cubanos classificaram nesta terça-feira como pouco rigoroso e inconclusivo um estudo divulgado pela Universidade de Pensilvânia que sugere que diplomatas americanos tiveram perda de matéria branca cerebral enquanto trabalhavam na embaixada dos Estados Unidos em Havana.

"Os próprios autores do trabalho reconhecem que o estudo não é conclusivo e que não têm explicação para suas descobertas", afirmou em entrevista coletiva o diretor do Centro de Neurociências de Cuba, Mitchell Valdés.

O médico, que pertence a um grupo de cientistas que estuda os supostos ataques aos diplomatas americanos desde o primeiro registro, em fevereiro de 2017, reconheceu que não é comum comentar tão rapidamente uma publicação científica.

Segundo ele, o posicionamento foi necessário devido à repercussão midiática e para prevenir interpretações equivocadas.

Desde 2017, 26 funcionários que trabalhavam na embaixada dos EUA em Havana e outros 14 diplomatas do Canadá apresentaram sintomas como lesões cerebrais, enjoos, dores de cabeça e falta de capacidade de concentração.

Até hoje não se sabe o que afetou a saúde de americanos e canadenses.

Por causa dos incidentes, os dois países reduziram ao mínimo a presença de funcionários nas sedes diplomáticas que mantêm em Cuba. No caso dos EUA, alguns representantes do governo chegaram a afirmar que os diplomatas foram alvos de "ataques sônicos", o que abalou as já frágeis relações entre os governos americano e cubano.

O estudo da Universidade da Pensilvânia conclui que os cérebros dos funcionários enviados a Cuba apresentam menos matéria branca e menor conectividade nas áreas da visão e da audição em comparação com pessoas saudáveis.

No entanto, os pesquisadores alegam não saber se isto está relacionado com os sintomas ou com a estadia das pessoas envolvidas em Cuba.

Os cientistas cubanos argumentaram na resposta que as mudanças descritas no estudo são pequenas, difusas e não corresponde a um quadro coerente, opinião compartilhada por outros especialistas de diversos países.

Valdés afirmou que as alegadas variações na matéria branca podem correr erro de medição ou terem sido influenciada pelo estado psicológico dos pacientes.

Por esse motivo, os cubanos dizem não ser possível chegar a conclusões claras e finais a partir do estudo da Universidade da Pensilvânia.

A subdiretora para Estados Unidos do Ministério de Relações Exteriores de Cuba, Johana Tablada, aproveitou o caso para criticar as decisões tomadas pela Casa Branca nos últimos dois anos por causa dos incidentes, como o fechamento do serviço consular, a expulsão de diplomatas cubanos e a divulgação de alertas para evitar que os americanos viajassem a ilha.

"Há sim evidências de que Cuba é um país seguro para diplomatas americanos ou de qualquer país", disse Tablada. EFE