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Grupo de Lima reitera que crise da Venezuela deve ser resolvida pacificamente

23/07/2019 18h06

Buenos Aires, 23 jul (EFE).- Os ministros das Relações Exteriores dos países que integram o Grupo de Lima reiteraram nesta terça-feira críticas ao regime de Nicolás Maduro, chamado por eles de ilegítimo e ditatorial, e defenderam o compromisso do bloco para que a crise na Venezuela seja resolvida por vias pacíficas.

"Acredito que neste momento estamos todos comprometidos a conseguir uma solução pela via pacífica", disse o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, em entrevista coletiva após o término da 15ª reunião dos chanceleres do grupo.

O encontro ocorreu enquanto os Estados Unidos davam um "prazo curto" para que Maduro deixasse o poder. Faurie disse que o ultimato dos americanos não foi discutido em Buenos Aires, mas o chanceler reiterou que os países presentes hoje no encontro estão comprometidos em solucionar a crise na Venezuela de forma pacífica.

Faurie citou a aprovação pelo parlamento da Venezuela, liderado por Juan Guaidó, opositor reconhecido pelo Grupo de Lima como presidente interino do país, da reincorporação venezuelana ao Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), também conhecido como Tratado do Rio de Janeiro.

O TIAR é um tratado de defesa mútua e estabelece que se um ataque a um país signatário do acordo é um ataque a todos. Integrantes de uma ala mais radical da oposição venezuelana veem o pacto como uma forma de permitir uma ação militar estrangeira no país.

"O pedido de reingresso no TIAR tem previsões de todo o tipo. Este é um tema que discutiremos nos novos diálogos que teremos com os chanceleres. Será nesta oportunidade que tomaremos uma posição a respeito disso", disse Faurie.

Perguntado sobre os limites das negociações diplomáticas para a crise, o ministro argentino disse que sempre há linhas vermelhas traçadas pelas partes em conflito. Para o Grupo de Lima, segundo Faurie, isto seria o adiamento da convocação das próximas eleições legislativas por parte do governo de Maduro.

"Este fato mereceria o firme repúdio não só do Grupo de Lima, mas de toda a comunidade internacional por alterar da maneira mais dramática possível a situação já precária que hoje existe dentro da Venezuela", opinou o chanceler.

Na entrevista coletiva, o ministro das Relações Exteriores do Peru, Néstor Popolizio, declarou apoio às conclusões do relatório divulgado pela alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, após visitar a Venezuela.

O documento, publicado no último dia 5 de julho, pede que o governo de Maduro acabe com as graves violações aos direitos humanos no país.

"Apoiamos as conclusões do relatório sobre a sistemática violação destes direitos por parte do regime ilegítimo e ditatorial de Maduro", afirmou o chanceler peruano.

Faurie também leu a declaração assinada por Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Paraguai, Peru e a oposição venezuelana. O Brasil foi representado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Entre os 15 pontos da declaração, destaca-se a decisão de enviar as conclusões do relatório da ex-presidente chilena ao Escritório da Promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI). EFE