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Morre aos 91 anos o ex-primeiro-ministro chinês Li Peng

23/07/2019 09h25

Pequim, 23 jul (EFE).- O ex-primeiro-ministro da China, Li Peng, que liderou a ala dura do governo chinês durante os protestos da Praça da Paz Celestial de 1989, morreu ontem à noite aos 91 anos, informou nesta terça-feira a agência estatal de notícias "Xinhua".

Li, que ocupou o cargo de 1987 a 1998, ordenou, com o beneplácito do então líder supremo do país, Deng Xiaoping, que o exército acabasse com os protestos de 1989, deixando um rastro de mortes cujo número total ainda é desconhecido, embora algumas fontes o situem em mais de mil.

O então primeiro-ministro recebeu a alcunha de "açougueiro de Pequim" por sua sangrenta resposta aos protestos.

Li era apontado como um fervoroso partidário de acabar por todos os meios com os protestos civis, já que os considerava uma grave ameaça para a sobrevivência do regime, algo que lhe valeu a oposição da facção reformista do Partido Comunista da China, liderada pelo então secretário-geral Zhao Ziyang.

A ala dura de Li se impôs no debate interno, o que desembocou na declaração da lei marcial em Pequim, na intervenção do exército, na sangrenta repressão dos protestos e na queda em desgraça de Zhao.

Em uma breve nota, a agência oficial explica que Li morreu em Pequim ontem à noite, às 23h11 (horário local, 14h11 de Brasília) em decorrência de "uma doença", sem especificar qual.

O obituário publicado pela imprensa oficial começa com as expressões de pêsames de vários órgãos do Partido Comunista pela morte do líder, um "excelente membro" da legenda, um "leal lutador comunista" e um "destacado líder do Partido e do Estado".

O artigo faz menção explícita aos protestos da primavera de 1989, qualificados como "agitação política", e assegura que, "com o apoio resoluto da geração mais velha de revolucionários proletários representados pelo camarada Deng Xiaoping", Li "tomou medidas decisivas".

Com elas, segundo o obituário, o então líder "deteve os distúrbios, sufocou as revoltas contrarrevolucionárias (classificação que o oficialismo dá a estes protestos) e estabilizou a situação nacional, o que repercutiu no Partido e no país".

Onde não houve menção à repressão na Praça da Paz Celestial foi na autobiografia que Li publicou em 2014, já que as experiências que relata vão até 1983, ano no qual chegou ao cargo de vice-primeiro-ministro da China.

Após seu período como primeiro-ministro, Li trabalhou até 2003 como presidente do Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular, o principal órgão legislativo chinês.

"Sua morte é uma grande perda para o Partido e para o país. Devemos aprender com seu espírito revolucionário, sua moralidade nobre e seu refinado estilo de trabalho (...). O camarada Li Peng é imortal!", destacou o obituário. EFE