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Filipinas declara epidemia nacional de dengue após 622 mortes

06/08/2019 10h41

Manila, 6 ago (EFE).- O governo das Filipinas declarou nesta terça-feira uma epidemia nacional por dengue devido à rápida propagação da doença em diferentes regiões, com 622 mortes registradas neste ano.

Entre 1º de janeiro e 20 de julho foram contabilizados 146.062 casos, o dobro do mesmo período no ano anterior, segundo dados oficiais divulgados após uma reunião de emergência entre todas as agências governamentais envolvidas para conter a epidemia.

"É importante que seja declarada uma epidemia nacional para identificar onde são necessárias respostas localizadas e permitir que os governos locais utilizem o fundo de resposta rápida para lidar com a situação", anunciou em entrevista coletiva o secretário de Saúde, Francisco Duque.

Sete regiões do país (Calabarzon, Mimaropa, Bicol, Bisayas ocidental, Bisayas oriental, Zamboanga e Mindanao do Norte) - situadas majoritariamente no centro das Filipinas - já excederam o as estimativas epidemiológicas, enquanto outras três (Ilocos, Bisayas Central e Bangsamoro) alcançaram o nível de alerta.

No entanto, o número de casos aumenta em todo o país por conta das chuvas. A água parada é o ambiente propício para a reprodução do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença.

O secretário de Defesa, Delfin Lorenzana, explicou que embora a situação seja grave, ainda não foi declarada uma "emergência nacional" ou "estado de calamidade" porque ainda há áreas do país, como Manila, onde os números de contágio são baixos.

"Depende dos governos provinciais ou locais declarar a emergência ou o estado de calamidade", afirmou Lorenzana, embora no início de julho já tenha sido declarado o nível de alerta em escala nacional.

A epidemia de dengue reacendeu o debate sobre o uso da Dengvaxia, uma vacina contra a doença que foi aplicada em mais de um milhão de filipinos em uma intensa campanha de imunização entre 2016 e 2017, sobretudo em escolas.

Em novembro de 2017, o governo filipino paralisou o uso dessa vacina depois que a fabricante, a farmacêutica francesa Sanofi, admitiu que o produto tinha efeitos adversos.

O caso se tornou um escândalo de saúde depois da morte de várias crianças imunizadas, mas não foi possível provar a relação direta da Dengvaxia com essas mortes.

Diante da gravidade do atual surto de dengue, vários médicos e pesquisadores defenderam o uso da vacina e o próprio porta-voz presidencial, Salvador Panelo, afirmou durante o fim de semana que o governo vai analisar "exaustiva e extensamente" a possível retomada do programa de imunização com Dengvaxia. EFE