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Oposição pede anulação de eleições e renúncia do prefeito de Moscou

16/08/2019 14h05

Moscou, 16 ago (EFE).- A oposição russa apresentou hoje formalmente ao Kremlin duas reivindicações oficiais após mais de um mês de protestos antigovernamentais, entre as quais figuram o anulação das eleições municipais de 8 de setembro e a cassação do prefeito de Moscou.

"Exigimos a anulação dos resultados das eleições. Houve maciças violações da legislação eleitoral, já que os candidatos opositores não puderam participar do pleito municipal", disse Yelena Rusakova, integrante do partido liberal Yabloko, à Agência Efe.

Rusakova, uma das candidatas cujo registro foi negado pelo comitê eleitoral de Moscou, apresentou hoje tais reivindicações à Administração presidencial acompanhada de um grupo de opositores.

Os processos também serão remetidos ao Serviço Federal de Segurança (FSB, antiga KGB), ao Ministério Público, ao Comitê de Instrução, à Guarda Nacional, à Câmara Municipal e ao Comitê Eleitoral Central.

A oposição continua reivindicando o registro dos seus candidatos. Porém, ao mesmo tempo que destacou que o comitê eleitoral tem tempo, recursos e oportunidades, Rusakova acredita ser improvável que o órgão ceda.

"Formalmente, podem fazê-lo, pelo menos em agosto. Mas parece que não vão registrar ninguém, já que isso é um caso político", opinou a integrante do Yabloko, que considera estranho que apenas seu companheiro de partido Sergey Mitrokhin tenha sido o único opositor registrado via decisão judicial.

Apesar de alguns opositores exigirem a anulação das eleições ou o adiamento, a política liberal destaca que a maioria dos moscovitas que participa dos protestos quer votar. "Votaremos no candidato que for mais incômodo para as autoridades de Moscou", prometeu.

Entre os principais pontos da lista de reivindicações da oposição separados por Rusakova aparece também a cessação da repressão política, que seria traduzida na anulação dos casos penais abertos contra manifestantes por "distúrbios maciços", que a oposição e defensores dos direitos humanos consideram fabricados.

Os opositores exigem também a liberação imediata de manifestantes em prisão preventiva em virtude do caso penal e os que estão em detenção administrativa há alguns dias, na sua maioria detida nos protestos ilegais de 27 de julho e 3 de agosto.

Além disso, pede às autoridades que os funcionários que violaram a legislação eleitoral sejam investigados, assim como integrantes da polícia, soldados antidistúrbios e guarda nacional que fizeram detenções ilegais ou se excederam no uso da força contra os manifestantes.

A oposição também quer proibir por lei que haja em Moscou a ação de policiais de unidades procedentes de outras regiões do país, já que tal efeitivo tem uma atitude muito mais agressiva em relação aos manifestantes. "Também exigimos a renúncia do prefeito de Moscou, Sergey Sobyanin, porque perdemos a confiança em sua gestão", salientou.

Também estão entre os pedidos a cassação do presidente do comitê eleitoral da capital, Valentin Gorbunov, e a reforma da legislação eleitoral, especialmente das barreiras impostas aos candidatos em matéria de coleta de assinaturas, o que, segundo eles, causa a atual maquinação contra os opositores.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou nesta semana que a Rússia esteja imersa em uma crise política devido aos grandes protestos das últimas semanas e lembrou: "Nas capitais europeias, no mundo todo, acontecem ações de protesto". EFE