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Ex-prefeito de Lima admite que OAS ofereceu dinheiro para campanha em 2014

David Mercado/Reuters/VEJA
Imagem: David Mercado/Reuters/VEJA

Em Lima

19/08/2019 16h29

Acusado de ter recebido propina da OAS, o ex-prefeito de Lima Luis Castañeda Lossio admitiu ao Ministério Público do Peru que a construtora ofereceu dinheiro dentro dos limites estabelecidos pela legislação eleitoral para ajudá-lo na campanha à reeleição em 2014, mas disse ter negado a proposta.

Casteñeda Lossio é investigado pela equipe especial para a Lava Jato do Ministério Público do Peru por ter recebido US$ 220 mil da OAS para a campanha à reeleição como prefeito de Lima em 2014 e prestou depoimento no último dia 5 de agosto.

Os promotores se baseiam as acusações nas delações do ex-presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, mais conhecido como Léo Pinheiro, e de Martín Bustamante, ex-secretário-geral do Partido Solidariedade Nacional, o mesmo de Casteñeda Lossio.

No depoimento, revelado pelos jornais "El Comércio" e "La República" Casteñeda Lossio contou ao promotor Michael Chávez Terán que Léo Pinheiro disse a ele que queria ajudá-lo na campanha, mas ouviu como resposta que o dinheiro não era necessário.

Castañeda Lossio disse que participaram desta reunião Giselle Zegarra, ex-gerente de Promoção de Investimentos Privados de Lima, e Bustamante.

Segundo o jornal El Comércio, Bustamante tentou negociar com o Ministério Público um acordo de delação premiada antes de Léo Pinheiro ter prestado depoimento aos promotores peruanos que investigam os repasses da OAS à campanha de Castañeda Lossio.

A OAS ganhou a licitação para o projeto da Linha Amarela de Lima, um mega projeto viário da cidade, por US$ 676 milhões. Posteriormente, a empresa levou a melhor na disputa para ser a responsável pela construção de uma passagem de nível no centro da capital.

Castañeda Lossio disse aos promotores que a OAS sabia que a oferta para ajudá-lo na campanha não significava nenhum benefício para a empresa. Além disso, alegou que a possível contribuição da construtora respeitava o limite legal de 249 mil sóis peruanos (cerca de US$ 75 mil) para doações privadas para campanhas eleitorais.

Já Pinheiro teria dito aos promotores peruanos que a OAS repassou US$ 220 mil à campanha de Castañeda Lossio, valor muito superior ao permitido pela legislação eleitoral, e que se reuniu pelo menos duas vezes com Bustamante para discutir como o dinheiro seria entregue ao ex-prefeito.

Outro colaborador da Justiça peruana, porém, informou que a OAS entregou US$ 480 mil ao ex-prefeito para que ele não assinasse o projeto Rio Verde, negociado por sua antecessora no cargo, Susana Villarán, e o substituísse pela construção de uma passagem de nível em Lima.

Além disso, Castañeda Lossio negou ter recebido dinheiro da Odebrecht, o que contradiz o depoimento de Jorge Barata, ex-diretor da construtora no Peru, que afirmou que entregou US$ 112 mil para Bustamante para ajudar o ex-prefeito na campanha de 2014.

Castañeda Lossio, que governou Lima por três mandatos (2003-2006, 2007-2010 e 2015-2018), foi um dos mais polêmicos prefeitos da capital peruana pelas denúncias de corrupção. Advogado de profissão, ele fundou o partido Solidariedade Nacional para se candidatar à presidência em 2000 e em 2011, mas sequer passou ao segundo turno.