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Luta anticorrupção será disciplina de curso universitário no Peru

Em Lima

20/08/2019 21h55

A luta anticorrupção será tema de um curso em um grupo de 11 universidades católicas do Peru, que neste mês dividirão em aulas online detalhes sobre um dos principais problemas vividos no país vizinho nos últimos 30 anos.

O curso virtual sobre luta contra a corrupção foi apresentado hoje pelo presidente da Conferência Episcopal Peruana (CEP) e do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), Miguel Cabrejos.

A disciplina abordará temas como a história da corrupção, a corrupção no mundo e na vida pública e individual, assim como os efeitos desse fenômeno na economia, na sociedade, na política e na cultura.

Também serão repassados os princípios éticos da doutrina social, as doutrinas dos papas João Paulo 2º e Francisco e medidas de prevenção como mecanismos de controle, sistemas de punições e virtudes cívicas.

"A corrupção é um vírus social que infecta as instituições públicas e privadas e que menospreza os recursos de que o Estado precisa para atender a luta contra a pobreza. No entanto, o dano também existe sobre a forma como nós, peruanos, normalizamos as situações de corrupção ao nosso redor", advertiu Cabrejos, que também é o arcebispo de Trujillo.

"Levando em conta essa situação, a Igreja uniu esforços para elaborar e ditar este curso, porque queremos enfrentar este problema a partir das bases, da educação de nossos jovens, porque nas mãos deles está a transformação moral e cívica do Peru", completou.

Além do presidente da CEP e do Celam, participaram da apresentação do curso o reitor da Universidade Católica de Trujillo e coordenador do curso, o sacerdote Juan José Lydon, e o reitor da Universidade Católica de San Pablo, Germán Chávez.

Lydon afirmou que a disciplina e os seus materiais também estarão disponíveis para qualquer outra universidade, assim como para colégios peruanos que desejem lecioná-la no ensino médio.

Chávez, por sua vez, destacou o compromisso social das universidades católicas na formação dos jovens, na tentativa de afastar qualquer atitude, comportamento e tolerância a favor da corrupção.

O curso será lecionado em um momento onde todos os ex-presidentes do Peru vivos estão presos ou investigados por crimes de corrupção. Alberto Fujimori (1990-2000) está na cadeia, condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade e também por diversos casos graves de corrupção.

Todos os sucessores de Fujimori são acusados por lavagem de ativos, entre outros crimes, por causa dos casos Odebrecht e Lava Jato. Eles teriam recebido propina de empresas brasileiras para a licitação de grandes contratos de obra pública e doações irregulares e não declaradas para as suas campanhas eleitorais.

É o caso de Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), e também era o de Alan García (2006-2011), que em abril se matou antes de ser detido pela polícia.