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Brexit e acordo com EUA são prioridades de premiê japonês na Cúpula do G7

22/08/2019 21h52

Antonio Hermosín Gandul.

Tóquio, 22 ago (EFE).- O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, irá à cúpula do G7 com as prioridades de obter salvaguardas em relação ao brexit e desbloquear o acordo comercial com os Estados Unidos, além de apoiar a França em suas principais propostas.

Abe participará do encontro de líderes dos sete países mais desenvolvidos que será realizado de sábado à próxima segunda-feira em Biarritz (França) com a lição aprendida em junho na cúpula que o do G20 que o Japão sediou em Osaka e foi marcada pela divisão entre os membros e pela perda de atenção devido a questões bilaterais.

INQUIETAÇÃO COM UM BREXIT SEM ACORDO E APOIO A MACRON.

O premiê japonês irá a Biarritz com o objetivo de discutir com os demais participantes a possibilidade de que haja um Brexit sem acordo entre Londres e Bruxelas no final de outubro. As consequências dessa saída "rígida" são temidas pela terceira maior economia mundial devido à grande presença de empresas japonesas em território britânico.

Visando obter garantias diante desse cenário, Abe terá o primeiro encontro bilateral na cúpula com o novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e também se reunirá com o presidente francês, Emmanuel Macron, segundo a imprensa japonesa.

Espera-se ainda que o primeiro-ministro japonês apoie Macron na defesa do livre-comércio, algo que pode se concretizar em uma declaração conjunta, similar à aprovada em Osaka, se os líderes do G7 conseguirem resolver suas diferenças.

OPORTUNIDADE PARA DESBLOQUEAR O ACORDO COM OS EUA.

Abe aproveitará a cúpula para voltar a se reunir com o presidente dos EUA, Donald Trump, e tentar dar um estímulo definitivo ao acordo comercial bilateral negociado entre os dois países com a meta de assiná-lo em setembro.

Os maiores obstáculos continuam sendo uma maior abertura do mercado agrícola japonês, uma exigência dos americanos, e o congelamento ou redução das tarifas americanas sobre os automóveis japoneses, principal pedido de Tóquio.

Paralelamente à ida de Trump e Abe ao G7, os responsáveis pelas negociações dos dois países, Robert Lighthizer e Toshimitsu Motegi, têm uma nova rodada de negociações em Washington nesta semana, o que pode servir para desbloquear uma situação sem progressos há meses.

O DILEMA JAPONÊS NO GOLFO PÉRSICO.

O Japão conta com interesses divididos no Golfo Pérsico, pois por um lado os EUA vão pedir a participação do país na coalizão para proteger petroleiros que passam pelo estreito de Ormuz em relação a eventuais ataques do Irã, e por outro não quer pôr em risco as boas relações com a república islâmica.

O primeiro-ministro do Japão tentou utilizar essa posição para mediar a crise entre EUA e Irã, embora os esforços, que incluem a primeira visita de um líder japonês a Teerã desde a revolução islâmica de 1979, ainda não tenham dado frutos.

Neste cenário, é previsível que Abe opte pela cautela em Biarritz ao abordar a crise iraniana e se mostre aberto a explorar vias para contribuir para a segurança do transporte marítimo na região, mas sem contemplar medidas como as sanções que já são aplicadas pelos EUA ou outras formas de pressão direta ao Irã.

APOSTAS NA REGULAÇÃO DE CRIPTOMOEDAS E NA "TAXA DIGITAL".

Na cúpula do G20, em Osaka, houve um acordo em prol da criação de um marco internacional para o registro dos operadores de criptomoedas e para melhorar a coordenação para evitar brechas legais que permitam a lavagem de dinheiro com este tipo de ativo ou o uso com outros fins criminosos.

País pioneiro na regulação de divisas como o bitcoin e palco de alguns dos maiores ataques a casas de câmbio virtuais, o Japão é favorável a que tais iniciativas tenham continuidade no G7.

Na cúpula de Osaka foi feito ainda um princípio de acordo sobre a criação da chamada "taxa digital" para os gigantes da internet, proposta que por sua vez foi respaldada na reunião ministerial de Finanças do G7 em Chantilly, na França, e que Abe também apoiará em Biarritz. EFE