G7 evidenciará divergências entre EUA e outros membros sobre clima
Por Marta Borrás.
Bruxelas, 22 ago (EFE).- As divergências entre as maiores economias mundiais sobre o clima devem voltar a ficar evidentes na cúpula dos países do G7 que será realizada de sábado (24) à próxima segunda-feira (26) em Biarritz, na França.
País que ocupa a presidência rotativa do G7, a França quer focar as discussões ambientais na redução das desigualdades, estabelecendo como prioridade a proteção do planeta "através de uma transição ecológica justa que preserve a biodiversidade e os oceanos".
O afastamento da maior potência econômica mundial do âmbito de proteção meio ambiental aconteceu em 2017, quando os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do Acordo de Paris, assinado em 2015. O signatários tinham decidido limitar o aumento das temperaturas a menos de dois graus centígrados em relação aos níveis pré-industriais. Desde então, em diversas cúpulas internacionais, o governo americano evitou se unir às declarações nesse âmbito.
Em maio, na reunião preparatória para a cúpula de Biarritz, os ministros do Meio Ambiente dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Japão) assinaram uma carta não vinculativa na qual se comprometeram a defender a biodiversidade.
No texto foram reconhecidos "os vínculos entre a proteção do meio ambiente, do crescimento econômico e das desigualdades" e que "os mais pobres dependem de forma desproporcional da biodiversidade".
Os países do grupo se disseram conscientes do papel e da responsabilidade que possuem, reconhecendo a necessidade de medidas transformadoras, à altura do desafio mundial que é a biodiversidade.
No entanto, o documento não escapou das divergências mostradas pelos Estados Unidos desde que Donald Trump chegou à Casa Branca. Para conseguirem a adesão americana, os outros países aceitaram um ponto que dizia que "os EUA reiteram a intenção de se retirar do Acordo de Paris (sobre o clima) e reafirmam a firme vontade de promover o crescimento econômico, a segurança e o acesso energético, além da proteção do meio ambiente".
Na mesma linha, segundo fontes europeias, na cúpula de Biarritz será divulgado, no âmbito do clima e da biodiversidade, um "documento" que previsivelmente será respaldado pelos membros, mas "não necessariamente pelo G7" como um todo e que poderia incluir "reservas" por parte dos Estados Unidos.
Trump utilizou os protestos dos chamados coletes amarelos ocorridos na França em novembro do ano passado como para justificar a saída dos EUA do acordo de Paris contra a mudança climática.
"O Acordo de Paris não está funcionando bem para a França. Há protestos e distúrbios em todo o país. O povo não quer pagar quantias enormes de dinheiro, em muitos casos a países do terceiro mundo (que são dirigidos de forma questionável), para talvez proteger o meio ambiente", disse Trump na época.
"Talvez seja hora de acabar com o ridículo e extremamente caro Acordo de Paris e devolver o dinheiro às pessoas em forma de impostos mais baixos", acrescentou.
Dharmendra Kanani, analista para a ONG ambientalista "Friends of Europe", afirmou na terça-feira à Agência Efe que a cúpula será "um aperitivo do que vamos ver nos próximos anos no contexto de caos criado por Trump, especialmente em termos de geopolítica, comércio e segurança".
"Devido à mobilização popular pela necessidade de atuar sobre a mudança climática, o G7 tem a oportunidade de mostrar força e de liderar com o exemplo", afirmou. EFE
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