Topo

Bolsonaro diz que incêndios não podem justificar sanções internacionais

23/08/2019 21h22

Brasília, 23 ago (EFE).- O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que os atuais incêndios florestais na Amazônia não podem ser usados como pretexto por outros países para a aplicação de sanções comerciais ao Brasil e também prometeu "tolerância zero" com crimes ambientais.

"Incêndios florestais existem em todo o mundo, e isso não pode servir de pretexto para possíveis sanções internacionais. O Brasil continuará sendo, como foi até hoje, um país amigo de todos e responsável pela proteção de sua floresta amazônica", disse Bolsonaro em pronunciamento transmitido em rede nacional de rádio e televisão.

Mais cedo, os governos de França e Irlanda ameaçaram não aprovar o acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul se o Brasil não cumprir os compromissos de defesa do meio ambiente que assumiu.

Bolsonaro afirmou que vai autorizar operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que contam com o uso das Forças Armadas, a estados da região amazônica.

"Somos um governo de tolerância zero com a criminalidade, e na área ambiental não será diferente. Por essa razão, oferecemos ajuda a todos os estados da Amazônia Legal. Com relação àqueles que a aceitarem, autorizarei operação de Garantia da Lei e da Ordem, uma verdadeira GLO ambiental", garantiu.

"O emprego de pessoa e equipamentos das Forças Armadas, auxiliares e outras agências permitirão não apenas combater as atividades ilegais, como também conter o avanço de queimadas na região", acrescentou.

Bolsonaro ressaltou no pronunciamento que os incêndios deste ano estão dentro da média dos últimos anos, conforme um estudo divulgado ontem pela Nasa (agência espacial dos Estados Unidos).

"Mesmo que as queimadas deste ano não estejam fora da média dos últimos 15 anos, não estamos satisfeitos com o que estamos assistindo", disse.

"Estamos numa estação tradicionalmente quente, seca e de ventos fortes em que todos os anos, infelizmente, ocorrem queimadas na região amazônica. Nos anos mais chuvosos, as queimadas são menos intensas, em anos mais quentes, como nesse, 2019, elas ocorrem com maior frequência", alegou.

O presidente criticou a propagação de dados e imagens incorretos sobre os atuais incêndios.

"Espalhar dados e mensagens infundadas dentro ou fora do Brasil não contribui para resolver o problema. E se prestam apenas ao uso político e à desinformação", declarou.

Bolsonaro também defendeu a matriz energética brasileira e, sem citar nomes, criticou países desenvolvidos por não cumprirem compromissos ambientais.

"Temos uma matriz energética limpa, renovável, e com ela estamos dando importante contribuição ao planeta. Diversos países desenvolvidos, por outro lado, ainda não conseguiram avançar com seus compromissos no âmbito do acordo de Paris".

Durante o discurso, foram ouvidos "panelaços" em protesto contra Bolsonaro em bairros de algumas das maiores capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Belém. EFE