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Escritor australiano detido na China desde janeiro é acusado de espionagem

27/08/2019 08h16

Sydney (Austrália)/Pequim, 27 ago (EFE).- O escritor de origem chinesa naturalizado australiano Yang Hengjun foi acusado de espionagem na China, onde permanece detido desde o começo do ano, confirmou nesta terça-feira o governo da Austrália.

Yang, um ex-funcionário do Ministério das Relações Exteriores da China, foi detido em janeiro na cidade chinesa de Cantão, quando realizava uma escala rumo caminho à Austrália, e desde então esteve sob uma espécie de "prisão domiciliar" sem informações sobre o local e sem a formulação de acusações.

"O governo australiano está muito preocupado e decepcionado pela detenção formal em 23 de agosto, na China, do cidadão australiano e acadêmico Dr. Yang Hengjun suspeito de espionagem", disse a ministra de Relações Exteriores, Marise Payne, em comunicado.

"O doutor Yang esteve detido em Pequim sob duras condições sem ser acusado há mais de sete meses. Desde então, a China não explicou as razões da detenção do doutor Yang e não permitiu o acesso de seus advogados ou visitas familiares", acrescentou Payne.

A chefe da diplomacia australiana explicou que abordou o caso em duas ocasiões com seu colega chinês, Wang Yi, a quem também escreveu três vezes para expressar preocupação sobre a saúde e bem-estar do acadêmico e ativista pró-democracia de 53 anos, assim como sobre as condições de sua reclusão.

"É importante, e assim esperamos, que sejam cumpridos os padrões básicos de justiça. Reitero respeitosamente meu pedido prévio que se o Dr. Yang foi detido por suas crenças políticas, ele deve ser posto em liberdade", precisou Payne.

Também nesta terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores da China confirmou que Yang foi detido no último dia 23 e é acusado de espionagem.

"O caso está sendo investigado. Segundo a lei, seus direitos estão legítima e totalmente garantidos. O seu estado de saúde é bom", afirmou o porta-voz da chancelaria Geng Shuang.

O porta-voz atacou a Camberra. "A China é um país com Estado de direito e a Austrália deveria respeitar com seriedade a soberania judicial da China e deixar de interferir na gestão dos casos na China".

Yang, que trabalhava na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e residia com sua família em Nova York, enfrenta entre três anos de prisão e pena de morte se for considerado culpado de espionagem na China. EFE