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Justiça cubana confirma prisão de jornalista crítico ao governo

27/08/2019 16h29

Havana, 27 ago (EFE).- A Justiça de Cuba confirmou nesta terça-feira a sentença de um ano de prisão para o jornalista Roberto Quiñones, crítico do governo do país, apesar dos apelos do governo dos Estados Unidos e da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) para que ele fosse libertado.

Na decisão divulgada hoje, o tribunal provincial de Guantánamo negou um recurso apresentado pela defesa do jornalista e confirmou a decisão tomada por um juiz de primeira instância, que condenou Quiñones a um ano de prisão, pena que pode ser substituída por "trabalho correcional".

O jornalista, colaborador do site "Cubanet", com sede em Miami, e conhecido pela postura crítica ao governo de Cuba, foi preso no dia 22 de abril, quando cobria o julgamento de um casal de religiosos processado por querer educar seus filhos em casa.

Quiñones foi acusado de "resistência e desobediência" por apresentar no momento da prisão um "comportamento provocador" e ter se negado a acompanhar os agentes à delegacia. Além disso, segundo a sentença, o jornalista não levava consigo um documento de identificação.

O profissional do "Cubanet", de 61 anos, apresenta outra versão para o caso. Segundo ele, a prisão ocorreu sem motivo aparente. Os agentes o algemaram e o levaram à delegacia, onde ele teria sido espancado. Os golpes dos policiais provocaram uma lesão no tímpano do jornalista e deixaram vários hematomas espalhados por seu corpo.

"Eles reforçam a ideia de que eu resisti, que eu não quis mostrar minha carteira de identidade. Tudo é uma grande mentira", afirmou à Agência Efe o jornalista.

A sentença, porém, afirma que os policiais tiveram um "desempenho adequado" com as funções públicas que exercem.

Quiñones disse que cumprirá a pena na prisão e não aceitará realizar trabalhos correcionais por se considerar inocente e vítima de perseguição política por parte do regime cubano.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, pediu em comunicado que o governo de Cuba libertasse imediatamente Quiñones e condenou a ação contra o jornalista.

A confirmação da sentença de Quiñones coincide com a divulgação de um relatório da Anistia Internacional, que aponta que cinco pessoas foram presas em Cuba por motivos políticos. A organização também acusa o governo da ilha de restringir a liberdade de reunião e de expressão.

Na entrevista que concedeu hoje à Efe, o jornalista disse que não deixará de trabalhar e escrever matérias críticas ao governo.

"Enquanto eu puder fazê-lo, pode dar como certo que eu vou fazer", afirmou Quiñones. EFE